A paralisação de 70% serviço de transportes por parte das cooperativas que operam em Camaçari, na manhã desta terça-feira (18) causou muita polêmica entre governistas e vereadores do município. Durante a edição do programa Bahia Alerta, da rádio Sucesso FM 93.1, apresentado pelo radialista Roque Santos, o superintendente dos Transportes de Camaçari, Claudécio Taroba questionou a postura de alguns vereadores sobre a aprovação do projeto de lei do executivo que visa punir os praticantes de transporte clandestino em Camaçari.
Não citando nomes, Taroba afirmou que tem gente dentro da prefeitura e da Câmara de Camaçari que está apoiando o transporte clandestino. “Como é que a gente pode defender e regular o transporte, se as pessoas que deveriam que estão ali pra legislar, estarão parando para sentar com clandestinos:”, questionou o superintendente. “Daqui a pouco qualquer pessoa que cometa ato ilícito, que venda drogas ou outras coisas, vai chegar lá e dizer que está tudo bem, e eles vão sentar pra conversar”, polemizou. Para ele, a razão do ato dos manifestantes se justifica, pois, ao invés de estarem pugnando pelas leis, os vereadores estão parando para ouvir pessoas que estão cometendo atos ilícitos e desafiando o governo.
Desde agosto o projeto que prevê multa para o transporte irregular em Camaçari está para ser votado na Câmara. A nova lei prevê punição para carros de passeio, motocicletas, vans, micro-ônibus e ônibus que realizarem serviços sem licença para operar nos sistema de transportes da cidade. A punição varia entre de R$ 1 mil à R$ 4.5 mil.
O secretário da Ordem Pública e Sustentabilidade de Camaçari, Francisco Franco disse que Taroba fez uma colocação equivocada quando disse que existem governistas e vereadores que apoiam o transporte clandestino. “Eu atendi sim, e não foi escondido. Eu atendi na minha sala, que fica ao lado da STT. É do meu perfil discutir os problemas e encontrar as saídas. É necessário respeitar a linha de cada cooperado e de cada ônibus, mas não podemos deixar de atender e fechar todas as portas. Administrar dizendo o que pode e o que não pode não tem saída”, pontuou o secretário, destacando que existe a possibilidade dos ‘ligeirinhos’ se enquadrarem no modelo legal do taxi lotação. “O modelo que está aí está errado, mas entendemos que em outras cidades do país existe o taxi lotação, que é um assunto que a Câmara pode se debruçar para encontrar uma saída”, apontou.
Franco disse também que foi o vereador Marcelino Filho (PT) que atendeu os clandestinos, e acredita na possibilidade dele de resolver este problema. “Eu conheço o perfil do vereador Marcelino, e sei que ele está procurando um caminho alternativo para resolver o problema, não com o transporte clandestino, mas sim com o ordenamento da cidade de forma digna e respeitosa com o cidadão”.
O vereador Oziel dos Santos Araújo (PT), que é candidato à presidência da Câmara, disse que é favorável à aprovação do projeto, destacando que “qualquer coisa de origem clandestina” deve ser proibida no município, mas explicou que, com o intuito de atender a alguns manifestantes, durante a última sessão em que o projeto foi colocado para votação, a Câmara resolveu dar espaço para as pessoas que se colocaram contra o projeto de lei que proíbe o transporte clandestino. “Como ela tem feito com todas as pessoas que manifestam insatisfação a respeito de alguma medida que está sendo tomada, ou de algum serviço que não está sendo ofertado, a Casa deu espaço para os manifestantes presentes”, explicou Oziel.
O petista disse que a retirada do projeto para votação na sessão anterior à desta terça foi um consenso entre os vereadores. “muitos vereadores se sensibilizaram com o pedido das pessoas que estavam na sessão, muitos lamentando, dizendo dependerem desta atividade para sobreviverem, então os vereadores entenderam que deveriam ouvi-los antes de votarem o projeto”, detalhou.
A vereadora Patrícia Oliveira (PT) disse que o secretário Taroba foi infeliz em seu comentário. “Ele precisa se retratar com toda a Câmara, que trabalha pra cidade. Gosto do superintendente como pessoa, mas a nós, as vezes, temos que baixar nossa bola. Não foi um ou outro vereador que ficou ofendido. A Câmara é um Poder da cidade e precisa ser respeitada”, criticou. Patrícia confirmou a informação do vereador Oziel, de que houve um consenso na Câmara para que a votação do projeto fosse adiada, por ouvirem de dezenas de trabalhadores, que estavam na sessão anterior à desta terça-feira, que se sentiam injustiçados com a aprovação da penalidade.
Ela revelou que o presidente da câmara Téo Ribeiro (PT), fez uma comissão de vereadores formada por ela, Zé do Pão (PTB), Elias Natan (PV), Otaviano Maia (PT), Elinaldo (DEM) e por Marcelino (PT), para conversar com uma comissão representante dos motoristas dos ligeirinhos. Nesta conversa, os motoristas informaram que uma reunião com o governo estava marcada para o próximo dia 26, e que eles não achavam justo a Câmara votar o projeto antes desta reunião. “Nós então entramos em contato com o governo e solicitamos que fosse feita uma reunião antes do dia 26, para que possamos resolver este conflito”, disse. Ela disse que os vereadores vão votar o projeto, mas que antes, vai ouvir os trabalhadores e avaliar e mediar esta conversa entre trabalhadores e governo.
Joaquim Castro