Rosângela da Cruz Conceição, 49 anos, está presa no Conjunto Penal Feminino, em Salvador, após ser condenada a oito anos e sete meses de prisão por estupro e corrupção de menores. Ela é acusada de participar e ser conivente com abusos realizados contra o ex-enteado, nos anos de 2006 e 2007, quando ele tinha 11 anos.

Porém, a sentença de Rosângela deve passar por revisão após o seu ex-enteado, que agora tem 19 anos, procurou a Justiça e afirmou que a história do abuso “porque se sentiu pressionado em casa por ter sumido dinheiro (…) para se livrar da pressão e poder curtir o Carnaval (…) criando mais e mais mentiras (…)”.

A mulher se casou com Anieri Alves dos Santos em 1990, mas ele já tinha dois filhos e o mais novo foi morar com eles aos 8 anos, ficando muito apegado a ela. Rosângela se separou em 2006 e dois meses depois conheceu George Souza dos Santos, porém, o ex-marido e o ex-enteado continuavam a visitando.

Mas em 2007, Anieri afirmou a polícia que o filho foi abusado por Rosângela e George e a queixa foi encaminhada ao Ministério Público do Estado (MP). Em 2008 o casal foi denunciado e o garoto passou por exames, mas nada foi constatado. Eles respondiam em liberdade pelo processo, mas em outubro de 2013 foram presos.

O advogado da mulher entrou com uma ação no Tribunal de Justiça após o novo depoimento do ex-enteado, em março deste ano, no qual ele afirma que inventou a história. Se ficar comprovada a mentira a Justiça, o rapaz pode responder por ato infracional.

De acordo com Aniere, a história foi descoberta após ele ver no diário do filho ele afirmando a inocência de Rosângela. O homem procurou a família dela e resolveram desfazer o erro.

Confira os depoimentos

Rosângela:

“Morei com Anieri oito anos, nos separamos, mas ele sempre ficava atrás de mim. Dois meses depois que me separei, arranjei uma pessoa. O filho dele ia muito atrás de mim na Fundac e em casa. Depois, ele disse que o menino tinha pegado um dinheiro na carteira dele e trazido para mim, e que ele tinha prestado queixa na Derca. Quando fui ver, a queixa era por abuso. Ele quis me afundar. Depois pensei que ele tinha voltado atrás porque continuava querendo ficar comigo. Chegou a me dizer que eu poderia reverter a situação se ficasse com ele (…) Deus tocou no coração dele e ele me inocentou. Hoje, ele se arrepende. Mas não vou perdoar ele, porque quem perdoa é Deus. Só não lhe quero mal. Até o menino falou com a minha família que Anieri pediu para ele inventar a história, mas que agora ele é maior de idade e já pode me ajudar. O que eu mais quero é voltar ao convívio social. Se eu não voltar ao trabalho vai ser como se eu estivesse presa”.

Anieri:

“Quando descobri esse diário que dizia que Rosângela não tinha feito nada, eu fiquei abismado e disse: ‘Aconteça o que acontecer, eu quero que a verdade seja dita’. O fato confirmou o que eu sempre achei de Rosângela. Pelo que ela fazia na creche, com amor, era um carinho de mãe (…) Ela também pode estar inventando isso (de que eu mandei meu filho mentir). Mas ela sabe que eu não sou capaz disso. Se a gente tivesse conversado, ela não ia pensar isso de mim; eu ia apertar meu filho. Mas como não tive contato nenhum na época, as coisas foram acontecendo da forma que foram (…) Como se pode julgar uma criança de 7 ou 8 anos? Nessa época, se meu filho fizesse uma coisa errada, dizia para ele falar a verdade para não apanhar. Eu tinha na cabeça que ele estava assim e vivia doido para pegar ele na mentira. Hoje, acho que tirei um peso das contas dele. Depois disso aí (do depoimento), voltou a ser um menino tranquilo”.

Por Emile Lira com informações do Correio