Na última sexta-feira (23), a Finlândia solicitou que a União Europeia (UE) reveja as importações de carne bovina brasileira, em decorrência do cenário de devastação ambiental causada por incêndios na Amazônia. Sendo valido ressaltar que, o país está na presidência rotativa da UE.
No mesmo dia, a França voltou a cogitar se opor ao acordo entre o Mercosul e a União Europeia, no qual o agronegócio brasileiro é um dos beneficiados. E a Irlanda fez coro.
Já no sábado (24), a Alemanha, o Reino Unido e a Espanha defenderam o pacto. Ele foi anunciado no fim de junho deste ano, mas ainda não tem data para começar a valer. Só acontecerá se for aprovado tanto pelo Parlamento europeu, quanto pelos congressos dos países do bloco sul-americano.
Para se ter ideia, a UE foi o destino de 17,6% das exportações do setor do agronegócio brasileiro no primeiro semestre deste ano (de janeiro a junho) e início do segundo semestre (que começa a partir de julho e segue até dezembro); já foram gerados cerca de US$ 9,9 bilhões até julho.
Isto posto, em decorrência das recentes declarações europeias citadas acima, o mercado do agronegócio brasileiro poderia ser bastante prejudicado, caso as solicitações de banir importações de carne brasileira sejam atendidas. As informações são do G1.
O acordo
O acordo Mercosul-UE abrirá uma porta para o Brasil aumentar o volume de exportações agropecuárias, mas já estão previstos limites para setores mais competitivos, como o de carnes.
Atualmente, o Brasil é o líder mundial na exportação de carne bovina e a União Europeia é o terceiro maior cliente, tendo movimentado US$ 336,3 milhões em compras no acumulado de 2019, segundo dados divulgados pelo Ministério da Agricultura.
De janeiro a julho de 2019, conforme relatório do Ministério da Agricultura e da Abiec, as exportações de carne bovina responderam da seguinte maneira: Hong Kong exportou (toneladas) 202,8 mil, o equivalente à US$ 649,3 milhões; China 174, mil (toneladas), US$ 838,4 milhões; e União Europeia 58,9 mil (toneladas), US$ 336,6 milhões; totalizando 981,7 mil (toneladas) de carne bovina exportada do país, com valor de US$ 3,72 bilhões.
Nos sete primeiros meses deste ano, foram mandadas para lá 58,9 mil toneladas do produto. O volume só foi menor do que o exportado para Hong Kong (202,8 mil toneladas) e para a China (174,9 mil toneladas).
Em 2018, a União Europeia também foi o terceiro principal destino da proteína brasileira. O bloco comprou 118,3 mil toneladas, trazendo ao Brasil US$ 728,1 milhões em receita.
Em lista, considerando todos os produtos que compõem o agronegócio, os mais vendidos para os europeus em 2019, até julho de 2019, foram: grãos; óleo e farelo de soja (33,9%); produtos florestais (19,3%); café (13,6%); e carnes (7,5%).
Politica x Questão ambiental
Em uma análise feita por especialistas do comércio exterior para o G1, as declarações dos europeus também têm fundamento em um contexto político, além da questão ambiental.
A França é a maior potência agrícola do bloco, concorrendo com o Brasil especialmente na produção de soja, leite e derivados. Em julho, logo após o anúncio do acordo Mercosul-UE, ela já tinha cogitado não aceitá-lo, também alegando questões ambientais. Já a Irlanda é um grande produtor de carne.
Para o coordenador do Centro de Global de Agronegócio do Insper, Marcos Jank, por outro lado, a imagem do Brasil não estaria prejudicada junto à Ásia, principal cliente do agronegócio brasileiro no exterior.
Entretanto, o pesquisador entende que é importante que o governo consiga conversar com todos os principais mercados. Segundo ele, “se a imagem é negativa na Europa, na Ásia ela é neutra. Mas precisamos de diálogo lá fora, na Europa e na Ásia. Na Europa porque é formadora de opinião. E na Ásia porque é nossa maior compradora: 54% do que exportamos vai para lá”, alerta.
Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo , ninguém consegui competir se tratando de preços com o Brasil, será a eles estão dispostos a buscar outro mercado e ver assim seus lucros diminuírem em mais de 15%?