Durante coletiva de imprensa, nesta quinta-feira (10), a pesquisadora Olivia Oliveira, também diretora do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (UFBA), informou que um estudo realizado pela entidade aponta que as manchas de óleo, identificadas como petróleo cru, que atingem o litoral nordestino, foram oriundas da Venezuela. Todas as análises desenvolvidas na UFBA serão encaminhadas para Instituto do Meio-Ambiente e Recursos Hídricos (Inema).
Segundo Olivia, “nossos estudos agroquímicos evidenciam que o óleo é proveniente de uma bacia da Venezuela. Foram diversas análises geoquímicas, a partir da coleta dessas amostras. Esse trabalho realmente revelou que se trata de um petróleo produzido na Venezuela”.
Entretanto, apesar da afirmação dos pesquisadores, autoridades venezuelanas negam que a Venezuela é responsável pelo petróleo que atinge a costa nordestina. Em nota, eles pontuaram que não existem evidências de vazamentos da substância nos campos de petróleo do país vizinho ao Brasil, que possam ter causado danos ao ecossistema brasileiro.
Ainda seguindo a diretora do Instituto da UFBA, o resultado que comprova a origem do petróleo foi encontrado após diversos testes comparativos com sete amostras coletadas em Sergipe e duas na Bahia.
“Nós temos diversos dados da literatura onde mostram perfis cromatográficos, resultados que nós produzimos no laboratório. Além disso, nós temos um banco de óleo de diversas partes do mundo, que também fazemos essa comparação. Através de análises como essas, chegamos ao resultado”, assegurou.
No entanto, ainda não há informações de quanto tempo o resíduo está no mar, nem se é realmente proveniente de um navio ou não.
“Se parece muito com petróleo cru. Mas não deixamos a possibilidade de ser bunker, combustível de navio. Seria um óleo mais pesado. Um óleo mais de resíduo. Mas ainda não temos a real certeza. O óleo apresentava uma certa degradação. Pode ser um óleo cru, como poderia ser bunker, onde a parte crua, onde a parte do diesel que é utilizada com esse bunker foi evaporada”, completou Olivia.
Bahia
Até o momento, seis cidades baianas já foram contaminadas pelas manchas de petróleo cru, desde o dia 3 de outubro, data que marca a chegada da substância no estado, até a manhã desta quinta-feira (10).
O último município atingido foi Camaçari, que já apresenta 3 praias contaminadas. Ao todo, 14 localidades foram afetadas no estado. São elas: Guarajuba, Itacimirim e Arembepe (Camaçari); Mangue seco e Coqueiro (Jandaíra); Barra da Siribinha, Barra do Itariri, Sítio do Conde e Poças (Conde); Baixio e Mamucabo (Esplanada); Subaúma e Porto do Sauipe (Entre Rios); e Praia do Forte (Mata de São João).
Nordeste
Em todo o Nordeste mais de 130 praias já foram afetadas pelo problema. Existem registros em todos os nove estados da região. A Bahia foi o último a ser contaminado.
O Projeto Tamar suspendeu a soltura de filhotes de tartaruga nas regiões afetadas, com o objetivo de preservar os animais que são desovados na Bahia. De acordo com o Projeto, os filhotes correm risco de morte se entrarem em contato com a substância.
