Nesta sexta-feira (25), Marcelo Macedo, 33 anos, baleado dentro de um bar, no bairro Inocoop, em Camaçari, no último domingo (20), utilizou as redes sociais pela primeira vez após o crime para desabafar sobre o caso motivado por questão homofóbica.

Marcelo relata que viveu “um verdadeiro filme de terror nos últimos dias”. Durante o texto ele aproveita para agradecer aos amigos que na definição dele, “me carregaram no colo”.

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O rapaz também disse ter visto “a morte de perto” e lembra que está vivo por “um milagre de Deus”. Ele ainda ressalta que “não lembrava de muita coisa” e que “ao abrir os olhos e me dar conta do que estava acontecendo, entrei em estado de choque”.

Ao longo do texto ele também destaca que “por incrível que pareça, o hospital é o meu lar agora, é o lugar onde me sinto seguro, protegido, em paz”.

Confira abaixo o texto completo publicado por Marcelo em seu perfil do Instagram:

“Vivi um verdadeiro filme de terror nos últimos dias. Por isso quero iniciar agradecendo todos os meus amigos por me carregarem no colo. É difícil acreditar que as pessoas são agredidas tão cruelmente e de maneira tão covarde pelo simples fato de demonstrar afeto. É triste. Dói. Estou despedaçado. Eu amo a minha cidade, nasci e me criei aqui. Nem no meu pior pesadelo eu imaginei que um dia pudesse ser tão violentado. Ver a morte de perto é assustador. Nos paralisa. Sou jovem, tenho uma família, uma vida inteira pela frente e por um milagre de Deus hoje estou vivo, mas quase tive meus sonhos interrompidos de maneira tão vil. O que me dá força para escrever pra vocês é a gratidão pelos meus amigos, sem eles e sem a todos que me mandaram mensagens de carinho e afeto, não sei se conseguiria. Mas o que me encoraja também é o medo. Só quem já perdeu um familiar ou um amigo conhece essa dor, só quem já esteve de cara com a morte sabe o que estou falando e pode mensurar um pouco do que estou sentindo agora.
Dormi e acordei em uma cama de hospital, e só sabia chorar, achei que tivesse morto e desfrutava do paraíso. Não lembrava de muita coisa. Ao abrir os olhos e me dar conta do que estava acontecendo, entrei em estado de choque, mas por incrível que pareça, o hospital é o meu lar agora, é o lugar onde me sinto seguro, protegido, em paz. Não sei como será quando sair daqui. Temo pelos meus familiares. Estamos assustados em saber que quem atentou contra a minha vida está solto por aí, sua cara não está estampada em todos os jornais estando tão vulnerável como eu me encontro agora, botando a cabeça no travesseiro deitado na cama da sua casa e dormindo todos os dias tranquilamente. Me chamar de “Viado” não é ofensa. Tomar 4 tiros sim. Uma dor irreparável, além de física, emocional e psicológica. Não sei como será de agora em diante, não sei se serei mais o mesmo. Esse medo que estou sentindo, irei carregar até o fim dos meus dias. Só peço proteção para mim e toda a minha família. Orem por mim!
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Segundo a delegada Thais Siqueira, titular da 18ª Delegacia Territorial de Camaçari, as câmeras de segurança localizadas próximas ao bar ajudaram na identificação do homem que agrediu o jovem e seu companheiro e logo depois efetuou quatro disparos contra Marcelo.

Ainda de acordo com a delegada, a identidade do suspeito não foi revelada para não atrapalhar as investigações. Os outros dois homens que participaram da agressão ainda não foram identificados. O trio vai responder por tentativa homicídio.

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