Nesta segunda-feira (13), por meio do Twitter, o presidente Jair Bolsonaro resolveu abrir uma discussão envolvendo a presença de atletas transgêneros no esporte, sem dar sua opinão. Ele compartilhou uma notícia sobre cinco estados americanos que pretendem impedir que homens biológicos, que se identificam como mulheres, possam competir em torneios femininos nos Estados Unidos (EUA), e perguntou aos internautas: “Qual a sua opinião?”

No dia 7 deste mês, o jornal The Wall Street Journal informou que legisladores republicanos dos estados de New Hampshire, Washington, Geórgia, Tennessee e Missouri estudam maneiras de proibir que atletas transgêneros possam competir entre o público feminino.

O assunto vem crescendo mundialmente, inclusive no Brasil, onde a jogadora de vôlei Tifanny Abreu se destacou como a primeira transgênero da história da Superliga.

Horas antes da postagem do presidente, a ex-jogadora de vôlei Ana Paula Henkel, apoiadora de Bolsonaro e voz frequente nas críticas à presença de transgêneros no esporte, compartilhou a notícia do Wall Street Journal com um emoji que demonstra entusiasmo.

Em 2019, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, chegou a criticar abertamente a presença de trans no esporte. À época, também através do Twitter, ele disse: “É inaceitável e ridículo que um homem pratique esportes em nível profissional com mulheres alegando ser uma delas”.

O caso de Tifanny Abreu, hoje com 35 anos, abriu as discussões do assunto no país. Em 2017, a atleta recebeu autorização da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) para disputar a Superliga feminina, após quase dez meses de espera.

Tifanny Abreu é a primeira transexual a integrar a seleção feminina de vôlei. (Foto: Reprodução / Leo Martins – Veja SP)

A decisão usou como jurisprudência o Comitê Olímpico Internacional (COI), que permite a participação de homens em competições femininas desde que tenham a testosterona (hormônio masculino) controlados abaixo de 10 nanomoles por litros de sangue, sem a necessidade de mudança de sexo.

Justiça

No esporte, a liberação de atletas trans está longe de ser uma unanimidade. As primeiras proibições vieram da Austrália, onde a liga de futebol (AFL, na sigla em inglês) não autorizou que atleta transgênero de 27 anos, Hannah Mouncey,  fosse inscrita no Draft (processo de seleção de jogadoras para a temporada de 2018).

Como justificativa, a liga alegou ter levado em consideração dados sobre força, resistência e vigor físico da atleta, bem como da natureza da competição.

Mouncey também é atleta de handebol e defendeu a seleção australiana masculina com seu nome de batismo, Callum. Com 1,90 metro e 100 quilos, ela iniciou a transição no fim de 2015.

Presentemente, tramita na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) um projeto de lei (346/19), de autoria do deputado estadual Altair Moraes, do Republicanos, que prevê a proibição de atletas transgênero em competições esportivas realizadas no estado.

 

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