A terceira filha de Jang Ji-sung, Na-yeon, morreu repentinamente há quatro anos de um distúrbio incurável do sangue e uma equipe de produção de TV passou oito meses recriando uma imagem tridimensional de Na-yeon.

A equipe usou a tecnologia de captura de movimento para gravar os gestos de uma atriz infantil ─ que mais tarde foram usados ​​para recriar os movimentos de Na-yeon. Também foi reproduzida a voz de Na-yeon.

Os produtores também criaram um parque virtual onde as duas se encontram, com base em um que elas visitaram na vida real.

O documentário, chamado “Meeting You” (Encontrando Você, em tradução livre), estreou em uma grande rede de TV, a MBC, e foi assistido por milhões de sul-coreanos. A cena mais emocionante é quando mãe e filha “se reencontram”. A recriação virtual de Na-yeon chega até Jang Ji-sung dizendo: “Mãe, por onde esteve? Você pensou em mim?”

Ela soluça enquanto tenta abraçar a imagem da realidade virtual de Na-yeon enquanto a equipe de produção de TV assiste.

A equipe passou oito meses desenvolvendo o holograma de Na-yeon e o cenário de realidade virtual onde mãe e filha se encontrariam. Outros membros da família que estavam lá ficaram visivelmente abalados.

‘Reencontro’ com entes queridos mortos

O documentário provocou um debate sobre as implicações morais e psicológicas de poder “encontrar” entes queridos mortos. Enquanto alguns acham que isso provoca uma catarse, outros acham que isso poderia impedir as pessoas de seguir em frente com suas vidas. A MBC foi acusada por alguns de explorar os sentimentos de luto da mãe.

Um clipe de 10 minutos publicado no YouTube foi visto mais de 13 milhões de vezes e recebeu 19 mil comentários.

Alguns usuários expressaram preocupação de que a experiência provoque em Ji-sung ainda mais tristeza e desesperança. Outro se perguntou se o experimento era o “céu ou inferno”.

Mas Jang Ji-sung disse que a ajudou. Após a morte da filha, ela tatuou o nome de Na-yeon em seu corpo e colocou fotos da filha falecida em todos os lugares da casa. Ela usava um colar com as cinzas dentro.

Nos sonhos dela, conta a mãe, Na-yeon poderia parecer triste, mas neste encontro virtual ela está sorrindo.

Psicólogos que conversaram com a BBC Coreia disseram que a experiência de Ji-sung pode ajudá-la a lidar com o trauma de perder uma filha de maneira prematura.

“É muito útil que as pessoas que sofreram um luto inesperado tenham uma despedida adequada após dores agudas”, diz Go Sun-kyu, do Instituto de Saúde Mental da Universidade da Coreia.

Dong-Gwi Lee, da Universidade de Yonsei, disse à BBC que a realidade virtual e a realidade aumentada já foram usadas no tratamento de distúrbios de ansiedade, fobias, demência e depressão.

Um projeto de realidade virtual no Reino Unido recria a coroação da rainha Elizabeth 2ª em 1953 para despertar memórias em pacientes idosos com demência. Como eles aparentemente viajam no tempo, eles se recordam de lembranças profundas enterradas em suas mentes.

O professor Dong-Gwi Lee diz que os experimentos envolvendo realidade virtual e luto precisam ser acompanhados de aconselhamento para evitar efeitos colaterais, como uma maior sensação de perda.

Adeus final

O diretor do programa, Lee Hyun-seok, disse à BBC Korean que a equipe abordou a ideia com muito cuidado, desde o estágio de planejamento até a conclusão, e tudo foi baseado nas memórias de Jang Ji-sung sobre Na-yeon.

No final do filme, Na-yeon dá uma flor à mãe e depois se deita dizendo que está cansada. Ela diz que sempre amará a mãe. As duas se despedem e Na-yeon dorme. Ela é então transformada em uma borboleta branca e voa suavemente.

Fonte: BBC

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