Na manhã desta quinta-feira (19), durante a primeira edição do programa Bahia No Ar (Rádio Sucesso 93.1), o radialista Roque Santos conversou, por telefone, com o prefeito de Simões Filho, Diógenes Tolentino (Dinha). Na pauta, as medidas adotadas pelo município em decorrência do novo coronavírus (Covid-19), que na Bahia já registra casos em cidades como Salvador e Feira de Santana.
“Desde a semana passada que a gente vem tomando providências, principalmente para trazer um ambiente mais seguro no nosso município, principalmente que o nosso município faz margem com Salvador, uma região que é cortada pela BR-324, por duas BA’s, e a gente sabe a facilidade de acesso ao município de Simões Filho. Mas, desde o momento que se começou a propagar, começou a divulgar o que estava ocorrendo na China e em outros países, a gente já começou um trabalho de capacitação dos servidores de saúde, através do médico, o doutor Antônio Bandeira, que no mês passado fez a capacitação de diversos servidores preparando para esse momento”, iniciou Dinha.
“Além disso, nós tivemos, publicamos um decreto suspendendo as aulas, proibindo eventos que possam juntar mais de 150 pessoas, estabelecendo um limite, além de sugerir aqui no município de Simões Filho para que as escolas particulares pudessem também suspender e levamos o porque dessa orientação. Graças a Deus, as escolas particulares estão suspendendo [as aulas], eles já tinham crianças indo para as escolas com sintomas parecidos e as outras crianças ficavam com medo de se aproximar, isso trazia um constrangimento muito grande, por esse motivo, as aulas foram suspensas temporariamente, até a gente avaliar todos os cenários”, acrescentou.
Dinha também falou sobre a criação do Comitê Intersetorial na cidade.
“Nesse decreto, nós estabelecemos diversas mudanças de hábitos no setor público, além de criar um Comitê Intersetorial formado por algumas secretarias para avaliar todos os dias, ou toda semana, o passo a passo da situação do município. Ontem [18] tivemos a primeira reunião e já ficou definido, já adotamos novas medidas, inclusive, aumentar o pessoal da Vigilância de Saúde, determinamos ontem a secretária de Saúde para já contratar enfermeiros e técnicos de enfermagem para estarem à disposição da Vigilância de Saúde, que há necessidades, foram identificadas nessa reunião. Equipamentos e insumos pra secretaria de Saúde e todas as respostas imediatas, inclusive, vamos criar leitos de retaguarda para justamente estarmos preparados, é uma situação que poderá ocorrer a qualquer momento, principalmente se a população não colaborar e procurar se preservar de estar em lugares bastante movimentados porque, hoje, como eu coloquei, a cidade tem facilidade de entrar e sair qualquer pessoa devido a localização geográfica. Estamos atentos e monitorando toda situação do município para que a gente possa superar esse momento difícil”, disse.
O prefeito de Simões Filho revelou que, presentemente, o município segue sem confirmações da Covid-19, mas acompanha dois casos suspeitos.
“Nós estamos monitorando toda situação, ontem [18] nós tivemos dois casos suspeitos [de coronavírus] em nosso município, que estão sendo acompanhados. A gente tá, a todo momento, acompanhando todos os casos que chegam à Vigilância de Saúde, e a gente sabe que não é fácil, a melhor medida é a prevenção, como está se colocando à nível mundial. A situação é séria, é claro que não é para gerar pânico, mas temos que tomar medidas rápidas, é preciso que haja colaboração de todos, principalmente, você que tem a faixa etária acima de 60 anos”, destaca. “Você pode desenvolver o vírus e não apresentar sintomas, mas você pode, sem saber, contaminar outras pessoas. Toda medida que for tomada não é exagero, é precaução, é melhor pecar por exagero para não acontecer o que está acontecendo na Itália”, estendeu.
As medidas de prevenção ao novo coronavírus em Simões Filho ainda incluem a diminuição/suspensão em atendimentos prestados pelos órgãos municipais, em suas distintas esferas, conforme falou o gestor municipal.
“Nós estamos reduzindo o atendimento. Ontem [17], durante a reunião do comitê, ficou definido que o setor social não vai funcionar em um determinado período, e alguns projetos, ligados diretamente com as pessoas idosas, estamos suspendendo todas as atividades. A Secretaria de Esportes também para, aulas, campeonatos, está tudo suspenso. Nas secretarias das escolas, a prefeitura reduziu o atendimento drasticamente, só funcionando para assuntos essenciais. Além disso, vamos começar amanhã [20] um trabalho de conscientização forte em alguns pontos, como no Mercado Municipal e na Rodoviária [de Simões Filho]. Vamos isolar, vamos fazer um trabalho de informação ao público com alguns agentes de saúde. É preciso que todos estejam conscientes, não é brincadeira”, pontua.
Questionado pelo radialista sobre como ficará a situação das famílias em vulnerabilidade social, que muitas vezes, na realidade habitual, a merenda escolar é essencial, Dinha esclareceu que estuda a possibilidade, junto com a secretaria da Fazenda, de conceder o auxílio de uma cesta básica.
“Na reunião do Comitê Intersetorial nós abordamos justamente isso, vamos atender as familías, principalmente, da educação infantil. A princípio, com a disponibilização de uma cesta básica. Estamos levantando hoje o custo que vai ser para que a gente possa buscar recursos e autorizar, para que possa atender essa faixa da população. Até o final do dia vamos estudar a situação econômica do município para que a gente possa conceder essa assistência para essas famílias que, muitas delas, tem a escola não só como um local para deixar o filho, mas para que ele seja alimentado”, redarguiu.
Durante a entrevista, Roque Santos trouxe à tona outra questão preocupante ocasionada pela pandemia do novo coronavírus: o cenário de desemprego que, possivelmente, irão se alastrar. Especialistas estimam que cerca de 25 milhões de empregados podem perder seus empregos, levando em consideração a crise econômica que a doença está gerando, sobretudo, no comércio.
“É uma situação inteiramente preocupante porque, se não há consumo, a indústria não produz. Se a indústria não produz, ela não paga os impostos. Se ela não paga os impostos, o governo federal, o governo estadual e os municípios, eles não arrecadam. Se o município não arrecada, a situação fica um caos financeiro. Mas, à princípio, eu acredito que nesse momento a preocupação é a saúde. A questão econômica, a orientação é de segurar, e cada um [município] tentar manter a sua situação, que já é difícil. Se não tiver uma solução rápida para essa pandemia a gente está bastante preocupado”, analisa.
Atendimento em casos suspeitos de coronavírus
Nos casos em que o paciente está apresentando sintomas leves, sem a presença de febre ou falta de ar, por exemplo, a orientação da prefeitura de Simões Filho assemelha-se com a recomendada pela maioria dos municípios: que a pessoa procure uma Unidade Básica de Saúde (UBS) mais póxima da sua residência. A medida visa evitar a superlotação nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
“A gente conseguiu ampliar dois números de telefones para disponibilizar para a população, porque a gente percebe que está aumentando cada dia mais o número de chamadas. Mas, se a pessoa detectou um amigo, um vizinho, um parente que está desenvolvendo os sintomas, tá gripado, tá com febre, ‘corizando’, tosse seca, entrar em contato com qualquer agente de saúde, entrar em contato com a unidade de saúde, o posto mais próximo, entrar em contato com a Vigilância de Saúde, porque é importante que você nos ajude nesse momento, você trazer essa informação para o profissional de saúde”, disse.
O prefeito disponibilizou o número (71) 3296-1704, da Vigilância de Saúde, para registro de eventuais suspeitas da doença.