“É desolador, mas o que se pode fazer? Eu gostaria que isso ficasse pronto em um mês”, a afirmação é do médico que chefia o Laboratório de Imunologia do Incor (Instituto do Coração), da Faculdade de Medicina da Universidade da Universidade de São Paulo (FMUSP), Jorge Kalil, e diz respeito aos avanços na criação de uma vacina contra o novo coronavírus (Covid-19).
Desde fevereiro os cientistas brasileiros têm trabalhado constantemente no desenvolvimento de uma vacina que previna a infecção pelo vírus. Jorge afirmou em entrevista ao UOL, que eles já fizeram avanços importantes, mas a chegada da imunização a mercado é estimada ainda para até três anos.
No entanto, é importante ressaltar que o desenvolvimento da vacina tem abrangência internacional. Pelo mundo existem distintas iniciativas, cada uma em um grau de desenvolvimento. De acordo com Kalil, os laboratórios que começarem os testes em humanos devem concluir seus trabalhos dentro de um ano e meio a dois anos. A estimativa de Jorge Kalil é similar com a realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Parece uma receita de bolo. Você pega ovos, duas colheres de farinha, açúcar, aí mexe. Não é nada disso. Não tem receita do bolo. Você tem que bolar o modo que vai fazer, quais são os riscos e fazer depois os experimentos em animais. Exige um trabalho intelectual enorme”, assegura o médico sobre o processo que envolve a formulação de uma vacina.
“Os cientistas estão trabalhando intensamente para montar essa vacina. Eles estão perto de concluir essa etapa. Estão debruçados justamente sobre a sintetização dos peptídeos que farão parte das proteínas que constituirão a espícula. Isso não quer dizer que a linha de chegada está próxima. Com a vacina construída, passam a traçar hipóteses de quantos aminoácidos [conjunto de peptídeos] a proteína precisa ter para gerar uma quantidade de anticorpos que neutralize o vírus”, acrescenta.
Coronavírus no Brasil
Segundo dados do Ministério da Saúde, divulgados no domingo (5), o número de infectados pela Covid-19 no Brasil, até o momento, é de 11.130. Isso representa um aumento de 852 casos em relação ao balanço divulgado no sábado (04, ). Destes, 486 óbitos já foram confirmados no país. A taxa de letalidade do vírus é de 4,2%.
Na Bahia, a doença já provocou dez mortes: oito são em Salvador, uma em Utinga e a outra em Itapetinga.