De acordo com o primeiro balanço da entrega de respiradores nacionais, comprados pelo Ministério da Saúde, o país só recebeu 22% dos equipamentos estimados para serem entregues em abril. A previsão era que as empresas Magnamed e Intermed entregassem cerca de 2.240 unidades ao longo do mês passado. No entanto, o governo federal assegura que somente 487 equipamentos foram, de fato, recebidos.
O levantamento foi divulgado nesta quinta-feira (7) pelo ministro da Saúde, Nelson Teich, durante uma audiência com deputados na Comissão Externa de Ações contra o novo coronavírus.
Entretanto, Teich não deu maiores detalhes sobre o motivo do atraso na entrega dos equipamentos.
A compra dos respiradores foi fechada ainda na gestão de Luiz Henrique Mandetta. Na ocasião, o ex-ministro havia detalhado que o valor dos contratos passaria de R$ 1 bilhão.
Contradição
A Magnamed contradisse o ministério e afirmou ao G1 que tem 180 dias de prazo para a entrega dos equipamentos. A empresa afirmou ainda que tenta antecipar o prazo.
Ademais, a Magnamed ainda destacou que tem sido um desafio aumentar a produção em um curto espaço de tempo, tendo em vista que grande parte dos componentes são importados e existe uma forte concorrência.
Urgência
A entrega de respiradores é uma das ações tratadas como prioritárias pelo Ministério da Saúde, desde a gestão do então ministro Luiz Henrique Mandetta.
A gestão de Mandetta também incluía, neste mesmo patamar, a intenção de ampliar a oferta de testes da Covid-19 no Brasil, bem como o aluguel de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). As estratégias visavam o fortalecimento do sistema público de saúde.
O aluguel de leitos naõ teve a meta cumprida, pois só foram entregues 17,5% dos 2 mil leitos de UTI alugados que foram prometidos para enfrentar a doença. Editais foram cancelados.
Já no caso dos testes, a previsão é realizar cerca de 46 milhões de testes até dezembro deste ano, no entanto, pouco mais de 10% dos testes já foram enviados aos estados brasileiros.
O novo cronograma do Ministério da Saúde, reazliado com três empresas brasileiras, escalonou a entrega dos respiradores entre os meses de maio e julho.
Em abril, a Magnamed deveria ter entregue 1,940 mil itens e a Intermed, outros 300. Na apresentação feita aos deputados nesta quinta-feira, o ministro não detalhou qual o percentual entregue por cada uma delas.
No entanto, após questionamento, o ministério disse que a distribuição dos equipamentos tem acontecido conforme a capacidade de produção da indústria nacional, que depende de algumas peças que são importadas.
Segundo o Ministério da Saúde, já foram distribuídos 487 respiradores pulmonares para as seguintes regiões: Ceará (75), Paraíba (20), Pernambuco (50), Amazonas (90), Amapá (65), Pará (80), Paraná (20), Santa Catarina (17), Espírito Santo (10) e Rio de Janeiro (60).
O respirador é fundamental para garantir a sobrevivência de pacientes que apresentam quadros graves do novo coronavírus. Quando o paciente apresenta insuficiência respiratória, por causa da doença, a troca gasosa nos pulmões fica extremamente comprometida. Com isso, o aparelho atua como uma espécie de controle da pressão do ar para dentro de pulmões para que assim aconteça a troca gasosa, bem como ela seja mantida.
Para o paciente não ficar desconfortável, ele é sedado. O ventilador, em geral, é colocado na boca, e o tubo irá até a traqueia. Pelo ventilador, os profissionais de saúde podem escolher a porcentagem de oxigênio no ar fornecido ao paciente – índices maiores que o atmosférico, de 21%.
É importante entender que o aparelho não é um tratamento. Ele apenas poupa o organismo do esforço de respirar, até que o sistema imunológico reaja e consiga combater o vírus.