Em um dos trechos de um livro, que deve ser publicado nos próximos dias pelo ex-assessor de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, é destacado que o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, pediu a Xi Jinping, da China, que o ajudasse nas eleições presidenciais norte-americanas de 2020. Para isso, o republicano solicitou ao líder chinês que comprasse produtos agrícolas de fazendeiros dos EUA. O conteúdo foi divulgado nesta quarta-feira (17), por veículos de imprensa norte-americanos, a exemplo do “The Washington Post“, “The New York Times” e a agência Associated Press.
“Ele [Trump] então, surpreendentemente, mudou o assunto para as eleições presidenciais dos EUA, mencionando a capacidade econômica da China em afetar campanhas em andamento e pedindo a Xi que garantisse sua vitória”, garante o trecho do livro, conforme o “Post”.
Presentemente, Trump tenta, por meios judiciais, adiar o lançamento do livro, batizado de “The Room Where It Happened: A White House Memoir” (em tradução livre, “A Sala Onde Aconteceu: Uma Memória da Casa Branca”), previsto para semana que vem.
Segundo a Casa Branca, o lançamento da obra terá conteúdo confidencial. Trump salienta que Bolton pode sofrer “um problema criminal” se ele não desistir do lançamento.
Venezuela
A imprensa norte-americana informou também que o livro inclui trechos que apontam a inabilidade de Trump em conhecimentos sobre outros países, inclusive aliados.
Por exemplo, o presidente chegou a perguntar se a Finlândia (país independente) fazia parte da Rússia. E, de acordo com Bolton, o republicano ficou surpreso ao saber que o Reino Unido é uma potência nuclear. A publicação ainda inclui uma menção feita por Trump de que uma invasão à Venezuela seria “uma boa”.
Em 2019, Trump chegou a dizer, repetidas vezes, que “todas as opções estavam à mesa”, se referindo a crise no governo venezuelano gerada pelo impasse entre o regime de Nicolás Maduro (considerado inimigo da Casa Branca) e a oposição liderada por Juan Guaidó, que obteve apoio dos EUA.
Sobre John Bolton
John Bolton é conhecido por sua atuação como conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, entre março de 2018 e setembro de 2019 (na ocasião, ele acabou sendo demitido por apresentar “discordâncias fundamentais” sobre como lidar com políticas externas em relação ao Irã, Coreia do Norte e Afeganistão, segundo informações do jornal “The New York Times“).
Em novembro de 2018, John Bolton chegou a visitar o Brasil e, inclusive, se reuniu com o atual presidente Jair Bolsonaro. Ele foi o primeiro emissário do governo Trump a visitar o então presidente eleito.
Já em janeiro deste ano, a notícia de que Bolton estava prestes a publicar um livro de memórias sobre o tempo que passou na Casa Branca, acabou provocando tensão nos arredores de Trump, principalmente, porque se temia que o ex-assessor daria provas sobre o caso do telefonema com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.