A morte do morador e ex-líder de uma comunidade de agricultores no município de Una, localizado a 507 quilômetros deSalvador, provoca uma longa e tensa manifestação no km 526 da BR-101, na manhã desta terça-feira (11), segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF).

De acordo com o inspetor Marcos Vinícius Rodrigues, que é chefe do posto regional, cerca de 300 pessoas destruíram com marretas parte de uma ponte localizada no trecho do protesto, que fica no município de Buerarema, a 52 quilômetros de Una.

Rodrigues relata que a entrada e saída de veículos no município foram interditadas até cinco quilômetros de antes dos acessos, a fim de evitar a depedração dos automóveis. Além da destruição de parte da ponte, segundo a PRF, os manifestantes cortaram árvores e queimaram pneus e madeiras ao longo da rodovia. Não há previsão para o fim do protesto.

"O clima é tenso na região. O comércio está fechado e os produtores rurais foram para a pista. Agentes da PRF, Polícia Federal, Polícia Militar e Força Nacional foram encaminhados para o local", conta Rodrigues. O inspetor diz que os manifestantes acreditam que índios da localidade estão envolvidos na morte do agricultor. A informação ainda está sendo investigada pela polícia.

O morador do assentamento de agricultores de Ipiranga, na zona rural do município de Una, foi morto na noite de segunda-feira (10). Em entrevista ao G1, no final da manhã desta terça, a esposa da vítima, Elisângela Oliveira, relatou o crime.

Ela conta que estava em casa com o marido e a filha de 17 anos, por volta das 21h, quando quatro homens armados invadiram a residência e disparam vários tiros contra Juraci dos Santos Santana, de 44 anos. Lembrando os momentos de terror, Elisângela relata que os suspeitos arrancaram a orelha do marido depois que ele estava morto.

"Estávamos vendo a novela quando eles chegaram. Eles ainda colocaram fogo no nosso carro e ameçaram nos matar caso apagássemos [o fogo]. Passamos o resto da noite escondidas no mato. Realmente, nada vai bem por aqui", desabafou Elisângela, ao afirmar que o corpo do esposo permanece no local até o início da tarde desta terça. A família aguarda a chegada do Departamento de Polícia Técnica de Ilhéus.

O G1 tentou entrar em contato com Fundação Nacional do Índio (Funai), mas não obteve êxito até a publicação desta reportagem.

*G1