De acordo com um novo estudo, realizado por cientistas dos Estados Unidos (EUA), a vacina BCG, para a tuberculose, pode estar relacionada com a redução da mortalidade em pacientes infectados pelo novo coronavírus (Covid-19).
No entanto, apesar da relação, o artigo, publicado na quinta-feira (9) pela revista “PNAS”, também reconheceu que ainda é cedo para assegurar que a vacina contra a tuberculose realmente protege contra a evolução mais grave do novo coronavírus.
Na pesquisa foram analisados dados de países que têm políticas de vacinação mais abrangentes, a exemplo do Brasil. Em seguida, realizou-se a comparação com os números de lugares com menor cobertura vacinal, como os EUA.
“Descobrimos que a mortalidade da Covid-19 nos estados de Nova York, Illinois, Louisiana, Alabama e Flórida (não-vacinados) era significativamente maior que em estados de países que aplicam a BCG (Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo, no Brasil; e Cidade do México, no México)”, apontaram os cientistas.
Eles ainda explicaram que existe uma “associação consistente” entre a vacinação e a redução no número de casos graves da Covid-19, mas que isso não é suficiente para estabelecer uma causalidade entre a aplicação da BCG e a proteção contra casos severos da doença.
Os pesquisadores citaram o desenvolvimento de dois ensaios clínicos randomizados, que podem atualizar o que se sabe sobre essa relação apontada. Em andamento na Holanda e na Austrália, alguns profissionais de saúde voluntários receberam BCG e outros foram injetados com um placebo.
Apenas depois desse estudo mais aprofundadose poderá afirmar que há uma relação entre a vacinação contra a tuberculose e a real imunidade para o novo coronavírus.
Os pesquisadores ressaltaram ainda que, há pouca informação sobre a vacinação tardia com a BCG, que não é indicada para o uso em idosos por se tratar de uma vacina feita a partir de vírus atenuado e, com isso, não deve ser administrada em pacientes com baixa imunidade.
“Se o BCG estiver conferindo algum nível básico de proteção, é possível que algumas das estratégias de relaxamento das medidas de distanciamento social adotadas pelos países asiáticos possam não ser eficazes na América do Norte e nos países da Europa Ocidental”, diz trecho do estudo.