Um bebê que nasceu aos cinco meses e meio, pesando apenas 620g, conseguiu sobreviver, na maternidade do Instituto de Perinatologia da Bahia (Iperba). Um caso raro na medicina, que a equipe da maternidade, que fica no bairro de Brotas, em Salvador, considerou um milagre. O período considerado normal para uma gestação é de 9 meses, sendo que os casos de nascimento prematuro com chances de sobrevivência normalmente ocorrem aos 8, 7 ou 6 meses.

A médica Ana Paes, que acompanhou o caso de Bianca desde o início, afirma que a história da criança é “literalmente um milagre”. “Bianca nasceu exatamente no limite de viabilidade. Então, ela era um prematuro extremo. A literatura [médica] chama essas crianças de micro-bebês. Ela já começou a mamar e o grande triunfo dessa história toda é que Bianca, durante muito tempo, na unidade de cuidados semi-intensivos ela usou leite humano do nosso banco de leite e Rosiléia [mãe] vai sair da maternidade amamentando ela exclusivamente no peito da mãe”, diz a médica.

Três meses depois do nascimento, pesando 2Kg, a menina aguarda alta médica para os próximos dias. Segundo a assessoria de comunicação da unidade de saúde, a equipe médica aguarda a realização de um exame no coração para liberar a ida do bebê para casa.

Parto prematuro

A mãe da criança, Rosiléia Conceição conta que sentiu dores e foi internada na maternidade do Iperba. Após dois dias, ainda com dor, os médicos resolveram fazer o parto e informaram à paciente que a possibilidade do bebê sobreviver era muito pequena.

"Eu tive a criança e a médica já tinha me deixado preparada e eu fiquei preparada. Seria um aborto… Quando ela [criança] saiu, a médica olhou pra mim e falou: ‘é Rosiléia, tá na mão de Deus. Você está forte?’. Eu disse: estou forte. Ela pegou e olhou [para o bebê] e disse: ‘parece que está mexendo'. Aí ela pegou Bianca assim e lascou o saquinho da bolsa, que só tava só a bolsa, sem água, sem nada. Quando ela lascou, Bianca pegou e respirou, deu aquele respiro fundo e começou a bater no rostinho, bem pequeno, bem magrinho mesmo, nem parecia uma criança”, relata a mãe.

Uma foto de Bianca, tirada três semanas após o nascimento, mostra como a menina era magrinha. Segundo Rosiléia, depois do parto a criança ainda perdeu peso e chegou a ter 444g. “Ela ficou com menos de meio quilo. Os momentos que qualquer pessoa vinha falar comigo só era de choro mesmo, só podia chorar e mais nada”, lembra.

Doações

O pai do bebê, Dalton Conceição, está desempregado. Ele e Rosiléia têm outro filho, de 5 anos. Ele conta que está em busca de um trabalho para ajudar na renda da família. Dalton tem experiência em cozinha de restaurantes e também como auxiliar de serviços gerais. “O que vir [sic.] pra mim eu aceito”, disse.

A assessoria de imprensa do Iperba informou que quem tiver interesse em ajudar a família pode deixar doações na unidade de saúde. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (71) 3116-5188.

As informações são do G1