Chega a 78 o número de mortos em um descarrilamento de trem nesta quarta-feira (24) em Santiago de Compostela, no norte da Espanha, segundo o governo local da Galícia. O acidente está entre as piores tragédias ferroviárias dos últimos 40 anos do país.
Outras 178 pessoas ficaram feridas, e 95 delas ainda estão no hospital. Entre os feridos, 36 estão em situação séria, incluindo 4 crianças.
Todos os feridos já foram identificados. Há pessoas de várias nacionalidades, segundo o governo regional.
O consulado-geral do Brasil em Madri afirma que não há relatos sobre vítimas brasileiras. Autoridades diplomáticas confirmaram a presença de americanos e ao menos um britânico entre os feridos.
O acidente ocorreu às 20h41 locais (16h41 de Brasília), segundo a empresa, em Angrois, na chegada a Santiago de Compostela, local famoso de peregrinação católica e mística. O trem fazia a ligação entre a capital espanhola, Madri, e a cidade de Ferrol, na Galícia.
A primeira hipótese é que o excesso de velocidade tenha sido a causa do acidente, e um dos pilotos vai ser colocado em investigação formal.
Um vídeo publicado pelo "El País" mostra o momento do acidente. No trecho, em que havia uma curva acentuada, o limite de velocidade era de de 80 km/h.
O "El País" publicou o que seria um trecho de conversa de um dos pilotos em que ele afirmava estar a 190 quilômetros por hora. O trem tinha dois condutores, e um deles está ferido e hospitalizado.
A composição "não teve nenhum problema de operação", disse o presidente da empresa responsável, a Renfe. "O trem passou por uma revisão naquela mesma manhã", disse Julio Gómez-Pomar Rodríguez á rádio privada Cope.
"Estes trens passam por uma revisão a cada 7.500 quilômetros, e outra a cada 50 mil quilômetros, e outra a cada 150 mil quilômetros, disse.
O secretário estadual de Transportes, Rafael Catalá, disse à rádio Cadena Ser que a tragédia parece estar ligada a uma "infração da velocidade". Mas ele frisou que é necessário aguardar a investigação judicial para confirmar isso.
Atentado descartado
A cena evoca lembranças do atentado islâmico de 2004 contra trens de Madri, que matou 191 pessoas, mas o delegado do Governo da Galícia Samuel Juárez descartou a hipótese de atentado.
"Foi um acidente. Não temos elemento algum que nos permita falar de outra coisa."
Logo após a divulgação das primeiras informações sobre o acidente, o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, expressou seu "afeto e solidariedade" às vítimas, em sua conta no Twitter.
Rajoy, que participou de uma reunião ministerial de emergência na quarta, viajou para a região na manhã desta quinta e decretou três dias de luto oficial.
As imagens do local mostram vários vagões virados, sendo pelo menos um totalmente destruído. Uma testemunha que estava no trem afirmou à rádio Cadena Ser que "parece que em uma curva o trem começou a descarrilar e os vagões ficaram uns sobre os outros".
Dezenas de ambulâncias levavam os feridos para hospitais da região. As autoridades lançaram um apelo para que as pessoas doem sangue para o atendimento aos feridos.
Muitos já atenderam ao pedido e foram ao Hospital Clínico de Santiago de Compostela. No Twitter, as mensagens pedindo doação de sangue em outras localidades da região se multiplicavam.
Francisco Otero, de 39 anos, contou à AFP como havia chegado ao local do acidente "um minuto depois". "Estava assistindo à televisão na casa dos meus pais e ouvi um grande estrondo. Era como se tivesse acontecido um terremoto", contou.
Festa cancelada
O acidente aconteceu no dia do Apóstolo Santiago, época de grande celebração na região da Galícia. Santiago de Compostela, capital da região e centro dos festejos, cancelou os eventos que deveriam ser realizados na noite desta quarta-feira em homenagem a seu santo padroeiro.
A tradicional missa do dia de Santiago foi mantida "com um estrito protocolo de luto".
O Rei Juan Carlos I e o Príncipe Felipe I, herdeiro do trono, suspenderam nesta quinta todas as suas atividades "em sinal de luto" pelo acidente, informou a Casa Real.
Acidentes anteriores
Este é um dos piores acidentes ferroviários da Espanha. Na década de 1940, um trem que também viajava de Madri para a Galícia se chocou com uma locomotiva, deixando centenas de mortos. Em 1972, um outro acidente com o trem que ia de Cádiz a Sevilha (Andaluzia, sul) causou a morte de 77 pessoas.
O acidente também ocorre apenas duas semanas depois da morte de pelo menos sete pessoas num descarrilamento na região central da França.
Papa Francisco
No Rio de Janeiro, onde participa das celebrações da Jornada Mundial da Juventude, o Papa Francisco pediu que todos rezem pelas vítimas e suas famílias. Ele postou uma mensagem aos espanhóis em sua conta no Twitter.
O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, pediu que fosse respeitado um minuto de silêncio antes de uma entrevista.
"O Papa foi informado ao chegar a sua residência no Sumaré. Ele se une à dor das famílias e pede que todos rezem e vivam na fé este trágico acontecimento", disse o padre Lombardi durante a coletiva. *G1
Veja o momento do acidente: