Literatura de cordel também conhecida no Brasil como folheto, é um gênero literário popular escrito frequentemente na forma rimada, originado em relatos orais e depois impresso em folhetos. Remonta ao século XVI, quando o Renascimento popularizou a impressão de relatos orais, e mantém-se uma forma literária popular no Brasil. O nome tem origem na forma como tradicionalmente os folhetos eram expostos para venda, pendurados em cordas, cordéis ou barbantes em Portugal. No Nordeste do Brasil o nome foi herdado, mas a tradição do barbante não se perpetuou: o folheto brasileiro pode ou não estar exposto em barbantes. Alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, também usadas nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores. Para reunir os expoentes deste gênero literário típico do Brasil, foi fundada em 1988 a Academia Brasileira de Literatura de Cordel, com sede no Rio de Janeiro.
Confira um Poema de Pirigulino Babilake:
Quem foi que disse
Que homem não gosta de flor?
Que não acha o por do sol lindo?
Qual homem nunca dormiu chorando?
Qual deles nunca acordou sorrindo?
Quem te falou que pra ser homem de verdade
Não se pode sentir medo
Nem tremer a ponta do dedo
Nem sentir saudade?
Confesso que a gente não nasceu com a manha
Que nem mulher quando se assanha
Pedindo um pouco de carinho
Chega toda faceira, devagarinho
Faz um chamego, bebe uma taça de vinho
Não muito diferente daquele cabra valente, arretado
Basta pôr o amor do seu lado
Logo recebe um cheiro no pé do pescoço
Tu vai ver ficar manso o cabra que era um grosso
Tem que acabar com esse negócio
De tanto casamento, tanto divórcio
Que fulano é, que fulana não é
Que isso é coisa de homem,
Que aquilo é coisa de mulher
Quero sim, encher o peito e soltar o grito
E entrar na igreja todo bonito
Ir até o padre e dizer Amém,
Se isso é coisa de mulher,
Eu quero ser mulher também.