Alunos da rede estadual baiana de ensino voltam a ficar sem aulas, nos dias 23, 24 e 25 de abril, devido ao movimento nacional de greve dos professores. Cinco dias após o início do ano letivo na rede, os educadores filiados à APLB-Sindicato realizaram, na terça-feira (9/4), uma assembleia no Sindicato dos Bancários, dando início às discussões sobre a agenda de reivindicações da categoria, que envolve pendências remanescentes da última greve da categoria, em 2012, que durou 115 dias e novas exigências relacionadas a benefícios salariais.
O calendário de manifestações que tem agenda prevista até o dia 19 de maio foi aprovado pela maioria dos professores presentes à assembleia.
De acordo com a vice-coordenadora da APLB-Sindicado, Marilene Betros, o pagamento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) no valor de 5.8% já está sendo negociado com o governo do estado.
Outra conquista anunciada pela sindicalista é a redução da carga horária em 1/3, reservada para atividades complementares e planejamento de aulas. “Essa é uma garantia estabelecida pela lei do piso salarial e que finalmente conseguimos o cumprimento junto ao governo, com o início ainda este ano”, anunciou.
Ainda segundo ela, a paralisação nos três dias do mês de abril será marcada por protestos para a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE) que, entre outras resoluções, amplia a porcentagem direcionada ao investimento em educação no país para 10%, além de prever ações de valorização do professor do magistério.
Embora o sindicato anuncie adesão ao movimento nacional, o risco de uma paralisação por tempo indeterminado ainda não é cogitado, pelo menos é o que dizem alguns educadores que assumem ter participado intensamente do movimento no ano passado. “A última greve deixou claro que este tipo de manifestação não tem mais efeito sobre o estado. Infelizmente nós não temos uma oposição atuante, nem um judiciário preocupado com os interesses dos professores e dos estudantes”, opinou o professor de história do Colégio Estadual Professora Noêmia Rego Luis Alberto Ramos.
Assim como ele, a professora de educação especial Maria Gomes, que atua no Centro de Apoio Pedagógico, localizado na Saúde, em Nazaré, discorda que o início do ano letivo seja o melhor período para começar com protestos mais extremistas. “A greve deve ser o último recurso a ser utilizado. Acredito que ainda há muito a ser discutido, paralisações pontuais devem ser realizadas para chamar a atenção do governo e caso não haja diálogo, ou consenso, aí sim poderemos começar a discutir a possibilidade de uma paralisação por tempo indeterminado”, pontuou.
Na opinião destes professores, a greve do ano passado não teve os resultados esperados, pelo menos financeiramente. “A aproximação entre os pais, alunos e professores foi único benefício real que restou da greve. As famílias se aproximaram mais da escola, passaram a compreender a realidade do educador e a entender que a educação não é apenas responsabilidade do professor”, disse a professora de Artes do Colégio Estadual Satélite, Dora Nunes, que também se posiciona contra uma nova greve.
O assunto ainda divide opiniões. Mesmo concordando com os colegas sobre as conquistas da última manifestação, com 115 dias que atrasaram o início do ano letivo em três meses, o professor de educação física Jaylson Reis ainda acredita que a greve é uma das armas fortes de pressão ao governo, para a categoria ter suas reivindicações atendidas. “Se com a luta já está difícil, chamar a atenção e o governo ficando calado é que não vamos conseguir nada”, afirmou, aguardando o resultado da assembleia no Ginásio dos Bancários.
Fonte; TRibuna