Se ainda não inventaram Rosie, a empregada-robô da família Jetson, é nos novos modelos de eletrodomésticos que os lojistas e vendedores confiam para aumentar as vendas.
Só faz uma semana e meia que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) das Domésticas passou a valer, mas as lojas já sinalizam que os empregadores vão substituir os funcionários residenciais por eletrodomésticos, que, assim como a personagem do desenho animado, são multifuncionais. Para eles, com a promulgação de direitos como hora extra para os empregados domésticos os patrões vão correr para as lojas e comprar os produtos mais modernos e práticos do estoque.
Segundo a vendedora Elizângela Silva, da Polishop do Iguatemi, as patroas que pretendem demitir as funcionárias por conta da legalização do pagamento das horas extras já estão indo à loja para ver as opções de produtos que podem facilitar o trabalho doméstico. “Ainda não estão comprando, mas eles discutem muito pra ver o que vale a pena. Acho que a venda mesmo só começa daqui a um mês ou dois. Por agora, só estão demitindo”, conta.
Colega de Elizângela, Alice Correia diz que os consumidores procuram eletrodomésticos mais práticos. As vassouras elétricas (que aspiram a sujeira), por exemplo, substituem as piaçavas. “Outro dia, veio uma cliente contando que já deu o aviso-prévio (à doméstica) e que quer tudo prático”, relata Alice.
Já a proprietária da Home Essence, Maria da Conceição Valente, garante que as vendas já aumentaram por causa da PEC das Domésticas. “Os mais vendidos são produtos sofisticados, voltados para a classe média que tem domésticas e, com as mudanças, não quer mais ter”, pontuou Maria da Conceição, que é diretora da Câmara de Dirigentes Lojistas de Salvador (CDL).
É essa praticidade que busca o casal de empresários Giovana, 46 anos, e Ricardo Oliveira, 48. Eles já estão fazendo pesquisa de preço em lojas de eletrodomésticos por conta da aprovação da hora extra para os trabalhadores residenciais. Antes da lei, Giovana e Ricardo tinham duas empregadas domésticas: uma para lavar, passar e limpar e outra para cozinhar.
“Não deu pra manter as duas. Tivemos que demitir a cozinheira. Agora, vamos contratar uma diarista que vai, uma vez por semana, cozinhar as refeições e congelar”, explica Giovana. O problema é que o casal não tinha um freezer, por isso a pesquisa de preço nas lojas de eletrodomésticos. Eles pagavam um salário mínimo para cada empregada e, agora, com apenas uma, pretendem economizar com a compra do produto.
Mais vendidos Segundo Maria da Conceição, o eletrodoméstico que estourou nos dias depois da PEC foi o forno autolimpante, que higieniza a parte interna do produto após o uso. “Ele chega a altas temperaturas e derrete a gordura que ficou no forno. Em um mês normal, vendo um ou dois. Só nos últimos dias já vendi cinco”.
Outro produto para facilitar o trabalho doméstico que a diretora da CDL cita é a gaveta térmica, onde a pessoa pode guardar a sobra da comida para outra refeição sem que o alimento fique frio. O preço mínimo do produto é R$ 2 mil.
Para o gerente da Fast Shop do Iguatemi, Tadeu Silva, os eletrodomésticos mais práticos já estão em alta há, pelo menos, um ano. “Geralmente, os que compram são recém-casados que trabalham o dia todo e têm apenas a noite para fazer o trabalho doméstico”.
De acordo com Tadeu, os produtos mais vendidos nesse perfil são micro-ondas, máquina de café com cápsula, lava-louças e, principalmente, lavadoras lava e seca e lava-louças. “É o mais vendido para otimizar o tempo das pessoas. Está sendo cada vez mais procurado”, afirma.
Para os lojistas, o próximo mês deve ser recordista de vendas, com a PEC das Domésticas aumentando a procura por eletrodomésticos justamente no mês das mães. Fonte; Correio