Antes de escolher o curso de Direito numa das cinco universidades – duas públicas – nas quais foi aprovada, Rafaela Salomão, de 19 anos, percorreu um caminho duro. Ela é uma das jovens assistidas pelo projeto Motumbaxé, no bairro de Sussuarana. Como tantos, Rafaela enfrentou uma série de barreiras: é de família pobre, perdeu o pai há dois anos e sempre estudou em escola pública. O apoio do projeto, diz, foi fundamental para hoje sonhar em ser uma advogada de sucesso.

Histórias como as de Rafaela existem aos montes. Só lá no Motumbaxé, por exemplo, 391 crianças e jovens buscam uma oportunidade para crescer na vida. Eles são assistidos com reforço escolar, recebem alimentação, participam de oficinas de percussão e têm até aula de capoeira e dança.

O projeto existe há 10 anos e é tocado pela pedagoga Roberjane Ribeiro, de 44 anos. “A ideia é poder ajudar os jovens que não têm oportunidades na vida”, conta. “Queremos mostrar para as crianças (assistidas pelo projeto) que elas podem ser protagonistas de suas próprias histórias”, completa.

E para ajudar mais jovens e crianças nessa tarefa árdua, Roberjane contará com um apoio significativo. O Motumbaxé está na lista de projetos contemplados na seleção pública do Programa Petrobras Desenvolvimento & Cidadania e receberá um aporte de R$ 1,1 milhão nos próximos dois anos.

O anúncio das iniciativas vencedoras foi feito ontem, em evento na Floresta Sustentável, na Praia do Forte. “É um dinheiro muito bem vindo. Será investido na compra de mantimentos, além de materiais didáticos e novos instrumentos”, festeja a pedagoga.

Além do Motumbaxé, outros 12 projetos baianos receberão dinheiro da estatal. São mais nove sociais e três ambientais. O valor total do aporte na Bahia não foi estimado pela Petrobras, visto que cada idealizador indica o quanto precisa para tocar o projeto. Mas foram destinados R$ 247 milhões para 176 iniciativas em todo o país.

Dos 130 projetos sociais contemplados, 41 são da região Sudeste, 50 são do Nordeste, 8 do Centro-Oeste, 13 do Norte e 14 do Sul; e 4 têm atuação nacional. Das 46 iniciativas ambientais, 17 são da região Sudeste, 12 do Nordeste, 6 do Centro-Oeste, 6 do Norte e 5 do Sul.

Segundo o gerente executivo de Responsabilidade Social da Petrobras, Armando Tripodi, “todos precisam ter oportunidades iguais para transformar suas vidas, em todos os locais do Brasil”.

De acordo com o gerente de Programas Sociais da Petrobras, Paulo Neto, o dinheiro deve ser repassado aos idealizadores dos projetos até o final do ano. Para os projetos ambientais, o repasse é feito em até oito vezes. Os sociais recebem o dinheiro em sete parcelas. Os repasses, diz Neto, são trimestrais e dependem da comprovação de resultados e metas estipulados durante a assinatura do contrato.

Projeto recupera áreas de mata atlântica na reserva Sapiranga

Iniciado há dois anos, o projeto Floresta Sustentável, na reserva da Sapiranga, em Mata de São João, é considerado um exemplo de sucesso. De 2011 para cá foram investidos 2,5 milhões no reflorestamento e recuperação de áreas degradadas da Mata Atlântica, em um trecho de Área de Preservação Permanente do Rio Pojuca.

Ao todo, 200 mil mudas foram plantadas nos 533 hectares de floresta. O dinheiro também serviu para construção do Centro de Educação Ambiental, na Reserva da Sapiranga. O Floresta Sustentável também promove cursos de ecoturismo, coleta de sementes e aproveitamento dos recursos naturais para atividades artesanais.

De acordo com o coordenador do projeto, Álvaro Meirelles, 23 família da região foram beneficiadas com a iniciativa. O projeto foi convidado pela Petrobras a renovar a parceria pelos próximos dois anos. Fonte: Correio