Um gol no início de cada tempo para se mostrar concentrada, motivada e afim de justificar os quase 70 mil torcedores que foram ao Estádio Nacional Mané Garrincha, neste sábado, em Brasília. Assim, com um golaço de Neymar, e mais dois de Paulinho e Jô, a Seleção Brasileira abriu caminho com vitória tranquila por 3 a 0, sobre o Japão, na partida inaugural da Copa das Confederações.

Não foi uma atuação implacável do Brasil, mas foi acima da média de estreias normalmente marcadas por tensão. Tudo isso, principalmente, graças aos gols rápidos nos dois tempos. O mais importante, claro, marcado por Neymar. Mesmo sem brilhar intensamente, ele foi decisivo. Marcou com finalização precisa e belíssima para a alegria de Luiz Felipe Scolari, seu protetor nos últimos dias.

A torcida da capital federal, recheada por quem viajou de todo o País até Brasília, fez sua parte com os jogadores. Houve uma ou outra vaia, mas o clima geral foi de apoio a Neymar, Oscar e companhia. Até o normalmente contestado Hulk, que foi aplaudido. As exceções ficaram para as autoridades.

Dilma Rousseff, Joseph Blatter e José Maria Marin foram alvos das arquibancadas antes de a bola rolar. Marin não teve direito a palavra, mas Blatter falou e foi o primeiro a ouvir as vaias. Dilma fazia cara de desconcertada com o cerimonial enquanto o presidente da Fifa questionou "fair play" aos torcedores brasileiros.

Quando foi falar, a presidente ouviu vaias também. E foi minimalista: apenas declarou aberta a Copa das Confederações. E assistiu, provavelmente a contragosto, o jogo sentada ao lado de José Maria Marin.

Foram 840 minutos sem marcar, de camisa santista e de camisa brasileira. Mas quando a Seleção realmente precisou, Neymar estava lá. Foi, acima de tudo, rápido e muito preciso. E acrescentou uma alta dose de capricho a uma finalização belíssima da entrada da área. Aos 3 minutos de jogo, o Brasil já tinha a vantagem no placar graças a seu maior talento. Fred fez o papel de pivô, escorou a bola e abriu passagem. Neymar ajeitou o corpo para a esquerda e, de pé direito, estufou as redes.

O gol que inaugurava o placar também deixava a Seleção Brasileira leve. As jogadas fluíam e a partida era controlada, ainda que não fosse evidentemente um espetáculo de atuação. Os japoneses mostraram personalidade com a desvantagem no placar. Em especial Keisuke Honda, camisa 4 e com fama de decisivo.

Foram três conclusões dele ao gol de Júlio César enquanto os japoneses tentavam o empate já no primeiro tempo. Mas nada que realmente levasse risco a Júlio, a bem a verdade. Risco mesmo foi o Brasil que impôs nos instantes finais antes do intervalo. Primeiro em bola cruzada com veneno por Oscar, da direita, que ninguém arrematou. Depois em um foguete que partiu da perna esquerda de Hulk, aos 41min, e balançou as redes – mas por fora. Por fim, em tabela esperta de Neymar com Fred, que fez Kawashima trabalhar.

Bastou o jogo reiniciar em Brasília para a Seleção mostrar que estava concentrada ao máximo no que tinha de fazer. Já de cara, dobrou a vantagem no marcador para aliviar qualquer tipo de tensão, principalmente do público que apoiava e também cobrava. Em alguns momentos, até vaiava. Mas aplaudiu Paulinho.

Aos 3min, a jogada começou pela esquerda, com Neymar, e passou pelo pé de Hulk até chegar a Daniel Alves na direita. Atravessou o campo e voltou para o meio com um bom cruzamento do lateral direito que encontrou a eficiência de Paulinho. O ainda volante do Corinthians, mas desejado por vários clubes europeus, chutou rápido. Kawashima até enconstou, mas não impediu.

A partida seguiu no ritmo de boa parte do primeiro tempo. A Seleção Brasileira controlou, chegou a se aproximar da área japonesa, mas não criou oportunidades em série. O Japão contou com a postura ativa de Maeda, que entrou para tentar o panorama e arriscou boas finalizações. Júlio César, porém, foi seguro e o Brasil não tomou gols pela segunda atuação consecutiva.

Felipão aproveitou a vantagem para fazer substituições. Sacou Neymar, com dores, e Fred, desgastado, para dar chances a Lucas e também Jô. Ainda trocou Hulk por Hernanes para observar sua alternativa tática preferida (4-3-3). E o time se mostrou mais uma vez letal quando teve espaço: Oscar arrancou com velocidade pela esquerda e deu um presente para Jô. De canhota, ele chutou por baixo de Kawashima e, pela primeira vez, marcou pela Seleção.*Terra