A tartaruga de couro chega a 2,5 metros e pesa até 700 quilos

Os pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação das Tartarugas Marinhas (Tamar), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), registraram pela primeira vez o nascimento de tartarugas de couro ou gigantes (Dermochelys coriacea), na área monitorada pela base de Sauípe, na Bahia, na praia de Massarandupió, município de Entre Rios, aproximadamente 30 quilômetros ao norte da Praia do Forte.

O ninho gerou 49 filhotes que nasceram e seguiram para o mar sem a interferência humana. Quando os pesquisadores chegaram ao local, a maioria já tinha seguido, alguns ainda estavam no ninho e outros sem vida.

Os filhotes retidos, mais fragilizados, foram levados pelos pesquisadores para os devidos cuidados da equipe de veterinários da base da Praia do Forte. Os recém-nascidos precisarão de ajuda para sobreviver e serão fundamentais para que se possam estudar sua biologia e comportamento e ainda dar a oportunidade para que as pessoas possam conhecer essa espécie considerada rara pelos pesquisadores.

Segundo o coordenador nacional do ICMBio/Tamar, o oceanógrafo Guy Marcovaldi, já houve no norte da Bahia um ninho dessa espécie, mas não foi possível acompanhar o nascimento dos filhotes. As tartarugas de couro costumam desovar fora da área comum a sua espécie. Elas são as mais misteriosas, afirma o coordenador, pois vivem em águas oceânicas.

Por causa de seu enorme tamanho e peso, até 2,5 metros e 700 quilos, são difíceis de embarcar para marcação e biometria. “Poder estudá-las e acompanhar o crescimento dos filhotes será de fundamental importância para o avanço do conhecimento sobre as tartarugas marinhas e sobre as melhores práticas para sua conservação”, disse Guy.

A tartaruga de couro é a espécie mais ameaçada de extinção no Brasil. Suas desovas se concentram principalmente em praias do norte do Espírito Santo. No Delta do Parnaíba, no Piauí, também têm sido registradas desovas, que podem ocorrer de forma esparsa ao longo da costa, como já ocorrido isoladamente no Rio de Janeiro, Paraná, sul da Bahia (Prado), sul do Espírito Santo e norte da Bahia.

Na temporada passada (2011-12) de reprodução das tartarugas marinhas, o Tamar no Espírito Santo levou ao mar em segurança 7.744 filhotes de tartarugas de couro.

Cada fêmea de tartaruga de couro desova pelo menos seis vezes por temporada, mas é a espécie com menor quantidade de ovos por ninho, cerca de 90, enquanto que uma cabeçuda (Caretta caretta) pode chegar a colocar 120 ovos de uma vez. O intervalo entre as desovas varia de 8 a 11 dias.

Normalmente, a tartaruga gigante sai da água enquanto a maré sobe, o que diminui a energia gasta em seu deslocamento na areia. Suas áreas de desova são limitadas às praias arenosas, sem a presença de recifes ou rochas que podem provocar ferimentos devido ao seu grande peso.

Seu casco é preto-azulado, com quilhas brancas longitudinais e salpicado por manchas brancas. Bem desenvolvido, é formado por pequenos ossos organizados lado a lado e cobertos por uma camada de couro que o torna mais flexível (ao contrário das demais espécies). Essa característica possibilita mergulhos a grandes profundidades (superiores a 1.500m), em busca de alimento (águas-vivas e outros organismos semelhantes).

Como diz o seu nome comum, é a maior das espécies de tartarugas marinhas do mundo. Pode atingir dois metros de comprimento e até 750 kg. É também a que tem distribuição mais abrangente: vive em todos os oceanos, atingindo águas subpolares. A estimativa mundial é de uma população em torno de 50 mil fêmeas em idade reprodutiva. Fonte: Tribuna