Os funcionários da loja de presentes Pop Art, que funciona no Shopping Imbuí Plaza, estavam chegando para trabalhar quando encontraram o estabelecimento arrombado.

O crime aconteceu no final de fevereiro e foi o quarto semelhante registrado este ano no shopping. Essas ocorrências, somadas a assaltos e roubos, por exemplo, fizeram com que moradores e comerciantes do Imbuí se juntassem para a criação de um conselho comunitário de segurança.

Durante encontros com as polícias Civil e Militar, representantes dos diversos segmentos da comunidade vão tentar encontrar meios para melhorar a segurança.

“A ideia é viabilizar soluções para fatores que contribuem para a insegurança, como a falta de iluminação e buracos na pista que facilitam ações dos bandidos para roubo de carro, por exemplo”, explica o tenente-coronel Admar Fontes, responsável pelo Comando de Policiamento Comunitário da Polícia Militar.

O conselho do Imbuí está em formação, mas, de acordo com a PM, na Bahia existem 59 conselhos comunitários de segurança ativos, sendo que 21 estão em Salvador.

“Existem conselhos por toda a cidade. Já existe, por exemplo, o conselho de Castelo Branco e o resultado foi positivo com a redução da criminalidade”, diz Admar Fontes. Segundo o oficial, há 12 conselhos em fase de implantação na Bahia – três na capital.

Medo

No Imbuí, os moradores estão assustados com os sucessivos assaltos e arrombamentos. Residências, casas comerciais e transeuntes são alvos constantes de bandidos. A síndica do Imbuí Plaza, Silvana Nascimento, disse que a ideia da criação do conselho ganhou mais força após as recentes invasões de edifícios residenciais em bairros como Pituba, Costa Azul e Ondina.

“Aqui no shopping, quatro lojas foram arrombadas este ano. Mas os casos de arrastões em prédios da Pituba, por exemplo, também foram decisivos para implementação do conselho. Queremos evitar que essa onda chegue aqui”, disse Silvana.

O major Jarbas Carvalho, comandante da 39ª Companhia Independente da PM, contou que no primeiro encontro para a constituição do conselho, realizado semana passada, foram levantados problemas no bairro.

“Na Rua Alberto Fiúza, por exemplo, há muita reclamação de iluminação e que as árvores precisam ser podadas, para uma melhor visibilidade da rua”, explicou.

Pituba

No dia 19 deste mês foi eleita a diretoria executiva do Conselho Comunitário de Segurança da Pituba, constituído formalmente depois que três apartamentos de um edifício do Parque Júlio César foram assaltados e os moradores foram feitos reféns.

Na Pituba, o conselho conta com representantes das polícias Civil e Militar, representante das igrejas católica e protestante, comerciantes e moradores do bairro.

“A ideia é que todos colaborem com a polícia. Muita gente acaba não registrando as queixas por medo, mas isso só dificulta o trabalho da polícia. O conselho funciona como uma troca de informações”, explica o administrador Darius Quadros, 46, membro do conselho da Pituba.

Segundo o major Luís Paraíso, comandante da 13ª CIPM, a ação dos assaltantes no Júlio César contou com a falha de um porteiro, que não notou a entrada dos bandidos pela garagem. “Vamos preparar os porteiros com orientações que possam evitar esse tipo de situação”, afirmou o major.

Social

“O conselho é uma vacina para que as pessoas não fiquem doentes com a criminalidade”, resumiu Eloísa Cabral, presidente do Conselho Social e de Segurança do Rio Vermelho e de Ondina.

O trabalho nos bairros já é feito há 15 anos. “Nós oferecemos cursos profissionalizantes, de línguas e informática para crianças de comunidades carentes. Focamos na formação”, diz Eloísa. As aulas ocorrem na sede da 12ª CIPM. “Não tem como falar de segurança e deixar de lado o social”, completa o major André Macedo, comandante da 12ª CIPM.

Saiba como criar um conselho de segurança em seu bairro

O que é necessário para a criação de um conselho comunitário de segurança? De acordo com o Departamento de Comunicação da Polícia Militar, os passos são os seguintes: as comunidades devem se organizar e manter contato com os representantes da PM em seu bairro. Isso se a polícia não convocar as lideranças comunitárias após algum caso específico que exija uma organização imediata.

Nos primeiros encontros, a PM vai esclarecer como funciona um conselho comunitário de segurança. Depois, o grupo vai eleger representantes que ficarão à frente das iniciativas e farão a ponte entre a comunidade e o poder público. A partir daí, os diretores do conselho terão reuniões periódicas com membros da polícia. Nesses encontros, os problemas do bairro são mapeados e dados sobre ocorrências criminosas são expostos.

Com um conselho funcionando plenamente, a polícia pode levar as queixas do bairro aos órgãos públicos responsáveis com mais agilidade. Além disso, é possível saber em quais áreas deve haver maior presença policial. Fonte: Correio