Mesmo sendo um dos integrantes mais assíduos da Comissão de Educação e Cultura da Casa, ele ainda não presidiu nenhuma sessão do colegiado neste primeiro ano de mandato.
A estreia no comando de uma comissão acontecerá na audiência para debater a questão dos alvarás de instalação de circos nas cidades brasileiras e o alto custo dos impostos cobrados pelas prefeituras, o que, segundo Tiririca, tem inviabilizado a prática circense no país. Mas, se por um lado Tiririca vai fazer sua estreia no comando de uma audiência pública, o mesmo não se pode dizer sobre a ida do deputado à tribuna. O parlamentar deve terminar seu primeiro ano de mandato sem fazer um discurso sequer no plenário para os colegas.
– Eu sou artista circense. O que me motiva mais é saber que posso fazer alguma coisa não só pelo pessoal de circo, mas também pela cultura popular. Eu já tenho visto na grande mídia pessoas de cargos fantásticos e que nunca tinham falado que eram de circo. Isso me surpreendeu. Então, isso é legal, saber que posso ajudar, botando a boca no trombone e a galera se manifestando – disse Tiririca.
Apesar de já estar acostumado com os holofotes, agora ele vai falar como deputado e defensor de uma causa, o que para muitos, inclusive no Congresso, é um fato novo. Sempre muito calado – porém, atento -, Tiririca mais observou que falou neste primeiro ano. Uma das coisas que mais lhe chamaram atenção nos discursos dos parlamentares foi justamente "a falta de atenção" dispensada a quem discursa. Bem diferente da plateia do circo, compara ele.
– No circo é mais organizado. No circo, o pessoal presta atenção, aplaude. Aqui é cada um por si, é uma loucura! Aqui, você fala para você mesmo, você mesmo se aplaude. Ninguém está nem aí, uns ficam vendo a internet, outros estão ao telefone, lendo jornal, ninguém presta atenção – afirma o deputado, emendando que ainda está aprendendo:
– Eu me ligo porque para mim é um aprendizado, estou aprendendo como funciona a coisa e como a coisa é. Mas nem por isso vou ser igual a alguns deles. Não são todos, são alguns deles.
Se pudesse chamar de abestado, de filho de uma égua, eu chamaria, mas não pode porque é quebra de decoro. Se não fosse, eu falava: "Ô abestado presta atenção aqui".
Sobre sua primeira vez comandando uma sessão na Casa, ele diz estar muito tranquilo, afirma que a ansiedade é normal e enfatiza que quem estará na comissão é o comediante eleito pelo povo:
– Acontece o seguinte: não vou deixar de ser eu. Os meus eleitores elegeram não o político Tiririca. Eles elegeram o palhaço, o comediante, e, não vou mudar por isso. Não vou fugir das regras da Casa, lógico. Não estou aqui para bagunçar. Mas não vou deixar de ser eu, pelo que os outros acham ou vão deixar de achar. Se falar errado, se falar certo, sou eu. Não vou fugir das regras deles, você tem que chamar de vossa excelência e essas coisas todas, mas não vou também deixar de ser eu. Se pudesse chamar de abestado, de filho de uma égua, eu chamaria, mas não pode porque é quebra de decoro. Se não fosse, eu falava: "Ô abestado, presta atenção aqui".
Contudo, ele não se diz intimidado.
– No circo, as pessoas vão para assistir, e aqui é um outro público. Aqui eles vêm para ver o cara se lascar mesmo. A realidade é essa. Eles vêm ver o que é que esse doidinho vai falar, o que é que ele vai dizer. Então, ansioso a gente fica. Não tem como não ficar.