Final do ano chegou e um momento que deveria ser de alegria para mais de 4 mil trabalhadores do Polo Petroquímico de Camaçari tornou-se uma grande dor de cabeça. E o motivo para isto é a declaração de falência de várias empresas do ramo da indústria da construção civil, deixando um grande contingente desempregado e o pior: após declararem falência, muitas delas simplesmente sumiram do mapa. Com o desaparecimento, milhares de trabalhadores aguardam da Justiça uma decisão que lhes garanta os seus direitos trabalhistas.
De acordo com o coordenador-geral do SINDITICCC – Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil, Montagem e Manutenções de Camaçari, Lauro de Freitas, Dias Dávila e outros municípios – , Antonio Ubirajara Santos, o 'Bira do Sindicato', 80% dos profissionais dispensados são de Camaçari.
Bira ressaltou qual tem sido sua principal dificuldade neste momento: "O sindicato tem feito um acordo para salvar parte das rescisões, mas é muito difícil porque as empresas ‘quebram’ e vão embora". Ele disse ainda que o trabalho do sindicato nos últimos seis meses tem sido justamente ‘caçar os caloteiros’ – as empresas que têm desaparecido, após entrarem em falência, sem pagar aos funcionários. "É preciso dar baixa nas carteiras via judicial, para que estes trabalhadores não sejam prejudicados", explicou.
As demissões em massa iniciaram-se com a Macro Construtora. Antes de falir, a empresa tinha 1200 funcionários. Quando faliu, seu quadro de mão-de-obra contava com 500 homens.
A Pampa Engenharia, uma empresa de São Paulo, demitiu quase mil homens. Só estas duas – Macro Construtora e Pampa Engenharia – foram as responsáveis pela demissão de mais de 2000 funcionários do Polo. Outra empresa de São Paulo que declarou falência foi a Platume.
As outras que vieram à falência foram a Macedo Mota e a Alencar Braga, de Camaçari, RC Carvalho, de Feira de Santana, a FM, a Matense Construções e a Energia Construtora – esta, segundo Bira, foi uma das que 'não pagou a ninguém e desapareceu'.
O impasse causado pelas demissões e consequente atraso no pagamento é refletido nas palavras de dois funcionários da empresa Alencar Braga, outra que faliu. Um deles, de prenome Robson, que trabalhou durante três anos como ajudante prático, disse que está há quatro meses sem receber salário e a rescisão. Ele, que mora em Entre Rios e está com a carteira de trabalho retida, falou sobre as dificuldades da falta de dinheiro para o seu transporte e hospedagem, já que reside em outra cidade e precisa acompanhar o processo, até que os seus direitos sejam assegurados.
O outro funcionário, também ajudante prático na mesma empresa, que não quis se identificar, é do município de São Miguel dos Campos, em Alagoas. Ele falou sobre as dificuldades com o deslocamento e a falta de cumprimento da legislação pela empresa, quando ele trabalhava nela: "A gente trabalhava exposto a explosões e não pagavam adicionais de periculosidade e salubridade".
Além das empresas que já faliram, outras estão em situação de risco: a Azevedo Aquino, cuja base é em Pojuca, apesar de ainda não ter aberto falência, está há 45 dias sem pagar salário, 13º e cesta básica. "O pessoal pede socorro", alerta o diretor Cristóvão, conhecido como "Pula-Pula". A RCA também tem atrasado salários e INSS, e as demissões da Montec já começaram a ocorrer desde ontem (14).