Depois de apresentar um projeto propondo proibir, em nível estadual, patrocínio público para artistas de pagode que cantem músicas com letras ofensivas às mulheres, a deputada estadual Luiza Maia (PT) investiu nessa quarta contra o criador da axé music, Luiz Caldas, e uma das músicas-símbolo do movimento, surgido na década de 1980, “Fricote”, de autoria de Caldas e Paulinho Camafeu.
Casada com o prefeito de Camaçari, Luiz Caetano (PT), e, portanto, primeira-dama do município, ela resolveu “punir” Luiz Caldas, determinando que fosse cortado 30% do cachê do artista que se apresentou recentemente na cidade e cantou Fricote. Para a parlamentar, "a letra apresenta cunho racista e depreciativo às mulheres negras”.
Ainda conforme a deputada, a canção em questão “abala a autoestima da mulher negra, internalizando no imaginário coletivo a imagem de que ela é, entre outras coisas, feia e desleixada, o que se constitui também como uma forma de violência simbólica”.
Em viagem pelo interior da Bahia, Luiz Caldas preferiu não comentar a atitude da deputada, mas sua assessoria de imprensa lamentou que Luiza Maia não saiba separar “obras lúdicas das chulas” e que esteja “desconectada” com a realidade. A assessoria negou que a proibição de cantar Fricote estaria em contrato, o que seria inconstitucional, pois caracterizaria censura.
Informou ainda que Luiz Caldas cantou os versos “nega do cabelo duro / que não gosta de pentear / quando passa na Baixa do Tubo/ O negão começa a gritar…”, pois foi uma exigência do público que assistia ao seu show. A assessoria não quis revelar quanto foi o cachê do cantor, mas disse que não pretende reclamar judicialmente devido ao corte.