Entre dezembro deste ano e janeiro de 2021, cerca de 6,86 milhões de testes para o diagnóstico do novo coronavírus (Covid-19), do tipo RT-PC que foram comprados pelo Ministério da Saúde, irão perder a validade. Segundo uma denúncia feita pelo Estadão, os produtos estão estocados em um armazém do governo federal, situado em Guarulhos e, até este sábado (22/11), ainda não haviam sido distribuídos para a rede pública.
A reportagem destaca que o Sistema único de Saúde (SUS) aplicou cinco milhões de testes deste tipo, ou seja, seriam mais exames descartados do que usados. No total, o Ministério investiu aproximadamente R$ 764,5 milhões em testes.
Ainda conforme a publicação, a distribuição por Estados também é controversa. O Paraná está em terceiro lugar no ranking de locais que mais receberam, enquanto a Bahia, que tem população superior e mais casos e mortes pela doença, aparece em sexto.
O Brasil enviou 130 mil exames ao Paraguai e ao Peru, número praticamente igual ao entregue ao Amazonas, que viveu uma verdadeira tragédia no começo da pandemia da Covid-19. Outros oito Estados receberam menos testes do ministério do que os países vizinhos.
A compra dos testes é realizada pelo governo federal, porém, a distribuição só ocorre mediante demanda dos governadores e prefeitos.
De acordo com o Ministério da Saúde, nem as 8 milhões de unidades já repassadas foram totalmente consumidas. Em contrapartida, os secretários estaduais e municipais de Saúden afirmam que receberam kits incompletos para o diagnóstico, com número reduzido de reagentes usados na extração do RNA, tubos de laboratório e cotonetes de coletar amostras.
Alguns relatórios que foram acessados pelo Estadão apontam que 96%, dos 7,15 milhões dos exames encalhados, vencem em dezembro 2020 e janeiro de 2021. O restante, até março.
Cabe ressaltar que o tipo RT-PCR é um dos exames mais eficazes para diagnosticar a doença. A coleta do material do paciente é feita por meio de um cotonete aplicado no nariz e na garganta do paciente. Na rede privada, o exame custa entre R$ 290 a R$ 400.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não deu detalhes sobre como a validade do produto pode ser renovada, apenas informou à reportagem que a entrega de testes vencidos é uma infração sanitária.
O Ministério da Saúde pontuou ainda que a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) está realizando estudo “para verificar a estabilidade de utilização dos testes” e o resultado da análise deve sair na próxima semana.
Questionado pelo jornal sobre o que fará para entregar os testes antes de vencer a validade, o Ministério da saúde somente declarou que distribui os exames a partir de demandas dos Estados.
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