De acordo com dados do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), divulgados nesta terça-feira (29/12) pelo Estadão, desde março, já foram identificados pelo menos 40 linhagens diferentes do Sars-CoV-2.
A pesquisa aponta que duas dessas variantes, a B.1.1.28 e a B.1.1.33, são predominantes.
Segundo apesquisadora Paola Cristiana Resende, que integra o grupo, a base de dados EpiCov reúne cerca de 1.768 genomas brasileiros, e a partir dela foi possível verificar que essas duas linhagens principais predominam no país e são específicas daqui.
A especialista também enfatiza que essas linhagens são encontradas em baixíssima frequência em outros países.
“Elas circulam desde março e estão por todo o território nacional. E, é claro, estão evoluindo, ganhando novas mutações, pois é esperado que um vírus com um genoma de RNA evolua de forma rápida”, pontuou Resende.
Já em relação as mais de 40 variações encontradas no Brasil, os pesquisadores ressaltam que são provenientes de diversas partes do mundo, em especial da Europa.
O IOC/Fiocruz participa diretamente da vigilância epidemiológica do novo coronavírus no Brasil. Referência em analisar o avanço do novo coronavírus (Covid-19) para a Organização Mundial de Saúde (OMS), o órgão faz o sequenciamento genético do genoma viral, frisa a reportagem do Estadão.
Ainda é destacado que a partir do trabalho é possível determinar as rotas de circulação do vírus no país. Além disso, o rastreamento também permite identificar as mutações.
À reportagem a pesquisadora reiterou que uma nova mutação não significa estritamente uma mudança nas características do vírus.
“Investigações e análises complementares que vão além do genoma precisam ser feitas para afirmar isso. Adicionalmente, ao longo do ano, detectamos também outras linhagens em diferentes estados, muitas associadas a casos de viajantes retornando de outros países e que circularam em menor proporção internamente. Entretanto, estas linhagens estão mais associadas a uma circulação local em determinados Estados e não representam um expressivo número para lançarmos alguma hipótese sobre elas”, explicou.