Uma paciente norte-americana com leucemia se tornou a primeira mulher e a terceira pessoa do mundo, até agora, curada do HIV após receber um transplante de células-tronco de um doador que era naturalmente resistente ao vírus que causa a AIDS, relataram pesquisadores na terça-feira (15).

O caso da paciente multirracial de 64 anos apresentado na Conference on Retroviruses and Opportunisitic Infections de Denver também é o primeiro envolvendo sangue de cordão umbilical, uma abordagem nova que pode tornar o tratamento disponível para mais pessoas.

Desde que recebeu o sangue do cordão umbilical para tratar sua leucemia mieloide aguda (LMA) – um câncer que começa nas células formadoras de sangue da medula óssea – a mulher está em remissão e livre do vírus há 14 meses, e não vem recorrendo a tratamentos potentes para o HIV, como as chamadas terapias anti-retrovirais (TARV) .

Os dois casos anteriores a esse ocorreram em homens – um branco e um latino – que receberam células-tronco adultas, mais frequentemente utilizadas em transplantes de medula óssea.

“Este é agora o terceiro relato de cura neste cenário, e o primeiro em uma mulher vivendo com HIV”, disse Sharon Lewin, presidente eleita da Sociedade Internacional de AIDS (IAS, na sigla em inglês), em um comunicado.

O caso faz parte de um estudo maior, financiado pelos EUA, liderado pela Dra. Yvonne Bryson, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), e pela Dra. Deborah Persaud, da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore. O objetivo é acompanhar 25 pessoas com HIV que se submetem a um transplante com células-tronco que são retiradas do sangue do cordão umbilical para tratar o câncer e outras doenças graves.

Os pacientes do estudo passam primeiramente por uma quimioterapia para assim matar as células imunológicas cancerígenas. Os médicos então transplantam células-tronco de indivíduos com uma mutação genética específica que os faz não possuir receptores usados pelo vírus para infectar células.

Os cientistas acreditam que esses indivíduos desenvolvem um sistema imunológico resistente ao HIV.

Lewin disse que os transplantes de medula óssea não são uma estratégia viável para curar a maioria das pessoas que vivem com HIV. Mas o relatório “confirma que uma cura para o HIV é possível e fortalece ainda mais o uso da terapia genética como uma estratégia viável para a cura do HIV”, disse a a pesquisadora.

O estudo sugere que um elemento importante para o sucesso da técnica é o transplante de células resistentes ao HIV. Anteriormente, os cientistas acreditavam que um efeito colateral comum do transplante de células-tronco era a chamada “doença do enxerto versus hospedeiro (DEVH)”, que causa o sistema imunológico do doador a atacar o sistema imunológico do receptor, desempenhava um papel importante para uma possível cura.

“Juntos, esses três casos de cura pós-transplante de células-tronco ajudam a desvendar os vários componentes do transplante que foram absolutamente essenciais para a cura”, disse Lewin.

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