Uma adolescente britânica de 13 anos, identificada com Jemma-Louise Roberts morreu por consequência da Síndrome do Choque Tóxico (SCT), uma infecção bacteriana rara, mas potencialmente fatal, associada ao uso de absorventes internos. Devastada com a notícia, a mãe da garota, Diane, pede que jovens do mundo inteiro se informem melhor sobre a doença que matou sua filha.
“Falava-se na SCT nos anos 1980, mas não se ouve falar sobre ela hoje em dia. Se abordar o tema puder salvar apenas uma vida, já terá valido a pena. Meu marido nunca tinha ouvido falar nessa doença. Se um pai ler sobre isso e sua filha ficar doente, essa informação pode salvar sua vida”, disse Diane ao jornal “Daily Mail”.
Jemma-Louise, que nadava em um clube de sua cidade, Hindley, na Inglaterra, começou a usar absorventes internos por ser uma maneira mais conveniente de continuar treinando enquanto estava menstruada.
A mãe conta ao jornal “Daily Mail” que sua filha começou a sentir-se mal e a ter diarréia quando estava de férias com a família. Jemma-Louise foi inicialmente diagnosticada com o norovírus, e seus pais foram orientados a mantê-la longe de hospitais para impedir que outros pacientes fossem infectados. Mas ela teve que ser levada às pressas de volta ao Royal Albert Edward Infirmary, em Wigan, depois que seu estado piorou subitamente. Após uma nova avaliação, os médicos disseram a seus pais que ela tinha SCT.
A infecção bacteriana é rara e causada por bactérias que vivem normalmente, de maneira inofensiva, na pele, nariz ou boca. Mas os organismos podem invadir a corrente sanguínea do corpo, onde liberam toxinas venenosas. Essa toxinas, por sua vez, danificam tecidos, incluindo a pele e os órgãos, e podem alterar funções de órgãos vitais. Por isso, é importante que os doentes procurem ajuda imediatamente.
Infelizmente, no caso de Jemma-Louise, a infecção já havia tomado conta de seu corpo quando ela chegou ao hospital pela segunda vez. Ela morreu uma semana depois, no dia 1º de março do ano passado, após um sangramento no cérebro, já conectada a uma máquina de bypass cardiopulmonar. Exames de sangue feitos antes que a adolescente falecesse revelaram a presença da bactéria Staphylococcus, relacionadas com a SCT e sepse.
Um exame post-mortem não foi realizado, mas a mãe acredita que a SCT causou a doença, já que a jovem estava usando absorventes internos quando adoeceu. Diane, de 45 anos, alertou outras meninas sobre os perigos da infecção na Semana Mundial da Sepse, doença sistêmica desencadeada por uma resposta inflamatória exagerada do sistema imunológico diante da invasão da corrente sanguínea por agentes infecciosos, sejam eles bactérias, vírus ou fungos.
Os primeiros sintomas são febre alta, seguida de constipação, náuseas, vômitos e diarréia. Erupções cutâneas em todo o corpo podem aparecer depois. A SCT ainda pode causar falência de órgãos e ser fatal, se não tratada.
Modelo contraiu a síndrome e perdeu uma perna
A modelo Lauren Wasser, de 26 anos, quase morreu depois de contrair SCT, que pode ser causada por materiais sintéticos usados em absorventes. Depois de perder a perna direita em decorrência da intoxicação, em 2012, a americana agora processa o fabricante do produto e faz campanha pelo banimento desses materiais.
A vida de Lauren mudou radicalmente em outubro de 2012, quando ela passou numa farmácia da rede Ralph’s para comprar sua marca de absorventes preferida, a Kotex Natural Balance. Lauren conta que, naquele dia, trocou de absorvente três vezes. De manhã, à tarde e à noite. Mas, na festa de um amigo, começou a se sentir muito mal e decidiu ir para casa dormir. Foi encontrada no dia seguinte pela polícia que, levada por um amigo, achou a jovem deitada no chão ardendo em febre.
A modelo foi encaminhada às pressas para o hospital, onde médicos disseram que ela havia sofrido um ataque cardíaco. Com os órgãos à beira da falência, a modelo estava perto da morte. Ninguém sabia dizer o que estava acontecendo, até que um especialista perguntou se a americana estava usando um absorvente. O material foi então enviado ao laboratório, onde exames atestaram a síndrome de choque tóxico.
Segundo um estudo conduzido por médicos da Universidade de Yale, nos EUA, a carboximetilcelulose geleificada nos absorventes proporciona um meio viscoso propício para o desenvolvimento de bactérias. Daí a importância de se trocar o absorvente com frequência, impedindo, assim, a reprodução dessas bactérias.