De acordo com a empresa de inteligência de dados Kpler, dos cinco navios gregos notificados pela Marinha do Brasil na investigação sobre o vazamento de óleo que contamina praias do Nordeste, dois não transportavam a substância da Venezuela.

Entre os três que levavam óleo venezuelano, apenas o Bouboulina teria passado pelo litoral nordestino, mais especificamente próximo à costa da Paraíba, antes do dia 30 de agosto, quando as primeiras manchas foram localizadas pelo Ibama. Os outros dois passaram pelo litoral nordestino antes do dia 30 de agosto, mas sem carga de óleo em seus tanques. Esses dois navios estavam a caminho da Venezuela, e não voltando de lá.

Os dados foram notificados e divulgados pela Delta Tankers, empresa proprietária do navio Bouboulina.

A embarcação foi apontada pela Polícia Federal (PF), na sexta-feira (1°), omo a principal suspeita de ter causado a tragédia ambiental que já contamina mais de 350 localidades. Entretanto, a Marinha destacou que as investigações continuam e que 30 navios já foram notificados.

Na terça-feira (5), a Delta ressaltou que o Bouboulina foi notificado pela Marinha brasileira junto com outras embarcações gregas: Maran Apollo; Maran Libra; Minerva Alexandra e Cap Pembroke.

No dia 25 de outubro, a Petrobras informou que o petróleo encontrado nas praias do Nordeste é de origem bruta, oriundo de três campos distintos da Venezuela.

Sobre a rota do Bouboulina

O Bouboulina, apontado como principal suspeito pela PF, foi carregado com 1 milhão de barris do petróleo cru Merey 16 no Porto de José, na Venezuela, no dia 15 de julho, e zarpou no dia 18 com destino à Malásia.

Ele passou pela costa da Paraíba em 28 de julho e foi para a Cidade do Cabo, na África do Sul, onde chegou no dia 9 de agosto, antes de seguir para a Malásia.

Entre os dias 3 e 13 de setembro, seu sistema de localização ficou sem sinal e sua carga foi descarregada.

Marinha

Em nota, a Delta Tankers afirmou que cinco embarcações gregas estão sendo investigadas pelo governo brasileiro.

Segundo a empresa, a notificação foi realizada através de um aviso da Marinha do Brasil ao Ministério de Assuntos Marítimos da Grécia. Inclusive, a documentação do Bouboulina foi exigida pelo órgão.

Oficialmente, a Marinha do Brasil não divulgou quais são as embarcações que foram notificadas na investigação. No sábado (2), a corporação pontuou que o navio grego Bouboulina é o principal suspeito, dentre 30 embarcações notificadas.

A Marinha não confirma se essas cinco embarcações gregas fazem parte do grupo de 30 notificações nem quais seriam os outros 25 navios de outras nacionalidades convidados a prestar esclarecimentos.

No texto fornecido pela Delta um trecho da notificação feita pela Marinha é utilizado:

“Como representante da autoridade marítima, solicito à autoridade marítima de seu país a notificação dos navios listados abaixo como suspeitos de derramamento do óleo que surgiu na costa nordeste do Brasil, já que eles navegaram perto da área afetada durante o período em que acredita-se que ocorreu o vazamento”.

A Delta Tankers assegura ter provas de que não está envolvida no vazamento de óleo.

No comunicado, a empresa disse que fez uma “pesquisa completa do material por meio de imagens de câmeras, dados e registros” e afirmou que “não há provas de que a embarcação tenha parado”. A empresa relata ainda que “irá entregar documentos de forma voluntária” e que “o navio Bouboulina partiu da Venezuela em 19 de julho, sem pausas, para a Malásia”.

Polícia Federal

Foi a Polícia Federal do Rio Grande do Norte que anunciou o navio Bouboulina como o principal suspeito pelo derramamento de óleo nas praias nordestinas. O inquérito policial foi embasado por um relatório feito pela empresa privada HEX Tecnologias Espaciais que, utilizando imagens de satélite, localizou o que afirma ser a provável origem das manchas de óleo e indicou o Bouboulina como única embarcação que “passou pelo polígono no período especificado”.

Porém, na segunda-feira (4), um parecer de técnicos do Ibama disse que imagens de satélite não são capazes de localizar manchas de óleo no oceano.

O documento é assinado por dois analistas ambientais e foi divulgado três dias depois de a PF usar a análise da empresa HEX para afirmar que um navio grego é o principal suspeito do desastre que já afetou mais de 300 praias do Nordeste. Com informações G1.

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