O consumo crescente de proteína animal, principalmente carne bovina e de aves, é um dos fatores responsáveis pelo aumento do desmatamento na Amazônia e no Cerrado, biomas severamente impactados pela criação de gado e plantação de soja.
O alerta é de especialistas, que participaram nesta quarta-feira (1º) de debate referente ao Dia da Sobrecarga da Terra, no Museu do Amanhã, no Rio.
A data marca o dia do ano em que a humanidade consumiu mais recursos do que a capacidade regenerativa do planeta. Este ano, o foco foi a produção de carne e os impactos no meio ambiente. A coordenadora de Programas e Projetos de Justiça Socioambiental da Fundação Heinrich Böll Brasil, Maureen Santos, destacou que existe uma responsabilidade pessoal, de cada um repensar seus hábitos de consumo, e também coletiva, que passa pela participação política.
Segundo ela, o aumento no consumo de carne no Brasil e em todo o mundo pressiona as áreas florestais, que acabam desmatadas e queimadas, para dar lugar a pastagens ou plantações de soja e milho, utilizados como ração na alimentação de bois, porcos e frangos.
“A cadeia da proteína animal se expandiu com o aumento da produção de commodities [grãos para exportação] no Cerrado. Foi empurrada para a Amazônia, com a criação de gado, em um volume gigantesco de hectares. A soja abrange 33 milhões de hectares e a pecuária, mais de 200 milhões de hectares.
Não tem como resolver o problema do desmatamento sem olhar para a pecuária e o monocultivo [de soja]. É uma questão que tem de ser enfrentada”, disse Maureen.