De acordo com uma análise genética que investiga o novo coronavírus (2019-nCoV), a doença apresenta similaridade com o vírus Sars derivado de morcegos. O estudo foi publicado ontem (29), pela revista científica The Lancet. Até o momento, segundo dados oficiais, o coronavírus já provocou a morte de 170 pessoas na China e mais de 8 mil seguem infectadas.
A sigla Sars vem de Síndrome Respiratória Aguda Grave; a epidemia matou 774 dos 8.098 pacientes infectados entre 2002 e 2003.
O estudo publicado pela “The Lancet” compara os dois tipos de vírus (2019-nCoV e Sars ) levando em consideração que eles fazem parte da mesma família, a “coronavírus”, que recebe este nome devido ao formato de coroa. Ambos os vírus também possuem semelhanças com a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers, na sigla em inglês) que, em 2012, matou 858 dos 2.494 pacientes identificados.
Porém, esse não é o primeiro estudo que aponta o surgimento do novo coronavírus à animais selvagens. Uma outra pesquisa, publicada na quarta-feira (22) pelo “Journal of Medical Virology”, indicava que a evolução do vírus pode ter sido ocasionada por cobras.
Os pesquisadores alertam que é necessário ficar a atento a possíveis mutações do vírus, na medida em que contamina mais pessoas. O coronavírus é uma família de vírus que pode infectar seres humanos e muitas espécies animais diferentes, incluindo suínos, bovinos, cavalos, camelos, gatos, cães, roedores, pássaros, morcegos, coelhos, furões, roedores, cobras e outros animais selvagens.
A análise genética do 2019-nCoV foi realizada tomando como base 10 sequenciamentos de genoma de pacientes de Wuhan (cidade epicentro da doença). Ao todo, foram feitos oito genomas completos e dois parciais. Segundo os autores do estudo, os dados apresentaram similaridade de 98 a 99% entre as amostras, situação que sugere uma mesma origem da infecção.
Para fazer a análise do genoma do coronavírus, os pesquisadores estudaram amostras de células dos pulmões e de secreções de nove pacientes que estavam internados em Wuhan.
A conclusão dos pesquisadores é que é provável sim que o novo coronavírus possa ter sido inicialmente hospedado em morcegos e transmitido aos seres humanos por meio de um animal selvagem (ainda desconhecido), vendido no mercado de frutos do mar de Huanan.