Brasil e Venezuela encontram um ponto semelhante em meio ao enfrentamento da pandemia provocada pelo novo coronavírus (Covid-19). Apesar de divergirem sobre o isolamento social, tanto Jair Bolsonaro quanto Nicolás Maduro defendem o uso da cloroquina no tratamento de pacientes infectados pelo vírus, apesar de ainda não ter sido confirmada cientificamente a eficácia do medicamento.

O uso da cloroquina é um dos assuntos que mais está gerando polêmica. A maioria dos especialistas da saúde afirmam que a substância pode causar fortes efeitos colaterais. Ademais, existe a falta de evidências científicas sobre a eficácia do medicamento na cura da Covid-19 (doença provocada pelo novo coronavírus).

Em abril, um parecer do Conselho Federal de Medicina (CFM) reforçou a ausência de evidências científicas sobre a eficácia da cloroquina contra a Covid-19, mas diz que, “diante da excepcionalidade da situação”, é possível ministrar o remédio em três situações: no caso de paciente com sintomas leves e diagnóstico de novo coronavírus confirmado; em pacientes com sintomas importantes, mas ainda sem necessidade de cuidados intensivos, com ou sem recomendação de internação; e, por fim, em pacientes críticos que estão recebendo cuidados intensivos.

“Após analisar extensa literatura científica, a autarquia reforçou seu entendimento de que não há evidências sólidas de que essas drogas tenham efeito confirmado na prevenção e tratamento dessa doença. Porém, diante da excepcionalidade da situação e durante o período declarado da pandemia de covid-19, o CFM entende ser possível a prescrição desses medicamentos em três situações específicas”, destaca trecho do parecer.

Dois dias antes de receber o ultimato do presidente, Teich havia reforçado na terça-feira, em post no Twitter, sua preocupação com os efeitos colaterais do medicamento.

“Um alerta importante: a cloroquina é um medicamento com efeitos colaterais. Então, qualquer prescrição deve ser feita com base em avaliação médica. O paciente deve entender os riscos e assinar o ‘Termo de Consentimento’ antes de iniciar o uso da cloroquina”, afirmou o então ministro.

Protocolo

No Brasil, a administração do medicamento teria sido um dos motivos que levou o ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, a pedir demissão do cargo. A saída dele aconteceu um dia após o ministro receber um ultimato de Bolsonaro para alterar o protocolo de orientação do Ministério da Saúde no que diz respeito ao uso da cloroquina no tratamento da Covid-19.

Na quinta-feira (14), durante uma live no Facebook, o mandatário brasileiro destacou que Nelson Teich revisaria na sexta-feira (15) o protocolo do Ministério da Saúde para o uso da cloroquina.

O protocolo, que ainda era o mesmo da gestão anterior, sob o comando de Luiz Henrique Mandetta, recomenda que a cloroquina deve ser utilizada somente em casos graves da Covid-19 (ou seja, em pacientes hospitalizados e com diagnóstico, por exemplo, de pneumonia viral), em vez de ser ministrado já nos estágios iniciais da doença, como deseja Bolsonaro.

Na Venezuela

Usando as redes sociais, Maduro publicou em sua conta oficial no Twitter uma mensagem que evidenciava uma suposta eficácia da cloroquina.

“Parabenizo a equipe científica da saúde de nosso país, que trabalha de boa fé e amor para proteger a saúde das pessoas. Com eles, avançamos na produção de difosfato de cloroquina, um medicamento eficaz para o tratamento contra o Covid-19. Sim, nós podemos Venezuela!”, escreveu o mandatário venezuelano.

Isolamento Social

Enquanto Bolsonaro é contra o distanciamento da população, Maduro chegou a decretar o ‘lockdown‘ (bloqueio total) na Venezuela.

Na quarta-feira (13), quando renovou por mais um mês o decreto de Estado de emergência, Maduro garantiu:”Entre quarentena e produção, não há contradição”.

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