Nesta terça-feira (28), a Prefeitura de Camaçari e a Orbi Química chegaram a um acordo para a instalação de uma fábrica da empresa no município, situado na Região Metropolitana de Camaçari (RMS).

Segundo a prefeitura, o processo de implantação da unidade contemplará duas fases e, com isso, a produção já deve ser iniciada no mês de agosto.

A gestão municipal infroma ainda que as conversas foram iniciadas na noite da segunda-feira (27), após a prefeitura ter encaminhado um convite formal aos representantes da empresa, destacando que Camaçari estaria à disposição para a instalação da fábrica.

Inicialmente, a unidade da Orbi Química seria implantada na cidade baiana de Santo Amaro da Purificação, porém, após votação na segunda-feira, a Câmara Municipal rejeitou o pedido.

Instalação em Camaçari

De início, a empresa irá se instalar de forma provisória em um galpão da cidade, visando já iniciar a produção na primeira fase de implantação.

Na segunda etapa, a empresa irá buscar um terreno para a construção da fábrica definitiva. A prefeitura irá intermediar todo o processo.

Na presente data, foram iniciadas as tratativas entre a área técnica da administração municipal e o diretor operacional da empresa no Nordeste, Claudinei Marques, responsável pela instalação da fábrica na Bahia.

Para a quarta-feira (29), está programada uma visita de representantes da empresa aos imóveis que tenham as características necessárias para a implantação da unidade fabril, com orientação da prefeitura. O empreendimento já tem, inclusive, maquinário moderno estocado no Porto de Salvador pronto para ser utilizado no início da produção.

A nota da prefeitura ressalta que “o processo produtivo da empresa é limpo e não gera emissões atmosféricas, não consome água e não gera efluentes líquidos nem resíduos sólidos, trabalhando apenas quimicamente com os produtos. Em Camaçari, a fábrica estará instalada em área adequada à natureza da empresa”.

Sobre a Orbi

Fundada em 2006, com uma sede de 14 mil m², no município de Leme, em São Paulo, a Orbi Química é uma empresa nacional, tendo como principal produto o desengripante White Lub Super, reconhecido pelo seu apelo ecológico, por usar em sua base produtos de origem vegetal. Atualmente, a empresa produz 125 produtos, gerando mais de 170 empregos diretos e mais de 100 indiretos, divididos entre a sede em Leme (SP) e os centros de armazenamento e distribuição em Guarulhos (SP) e Blumenau (SC).

Para sanar as preocupações a respeito do impacto ambiental da instalação, a empresa apresentou o certificado técnico de regularidade com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), além de licença de operação pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Sistema Estadual de Vigilância Sanitária de São Paulo (Sevisa).

Em 2015, a Orbi Química recebeu a certificação ISO 9000, garantindo formas de processos seguros de produção, armazenamento, entrega da cadeia de matéria prima e produtos acabados. No mesmo ano, a empresa ganhou o Selo Verde Internacional do Instituto Chico Mendes, como empresa socioambiental responsável.

Polêmica

Na tarde da segunda-feira (27), após votação do projeto de doação do terreno que seria da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), a Câmara de Vereadores de Santo Amaro não aprovou a possível implantação da indústria no local.

No total, foram nove votos a favor da doação do terreno para a indústria e cinco contra. Para ser aprovado, o projeto precisava ter dois terços dos votos a favor.

A ação foi dividida por distintas opiniões, incluindo o poder público e artistas que nasceram na cidade. Enquanto a prefeitura do município defende a criação de novos empregos com a chegada da indústria, o cantor e compositor Caetano Veloso, que nasceu em Santo Amaro, alertava sobre os riscos químicos oriundos da implantação.

No domingo (26), Caetano usou as redes sociais para fazer um apelo, justamente, aos vereadores da cidade. O artista começou falando da ameça da instalação da empresa para a UFRB.

“Venho aqui para fazer um pedido muito sério aos vereadores da cidade de Santo Amaro, minha cidade natal. Acontece que o terreno que hoje pertence a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) está sendo ameaçado de ser entregue a Orbi Química, para montar uma fábrica com riscos químicos dentro da entrada de Santo Amaro, logo junto à entrada da cidade, já dentro da cidade, onde fica uma fundição de aço”, pontuou Caetano.

Em seguida, o músico solicitou a movimentação dos vereadores e pediu que lembrassem da importância da Câmara em momentos históricos. Ele frisou que a implantação da indústria é uma nova ameaça para a cidade e, inclusive, lembrou o caso dos danos ambientais e sociais causados por contaminação de chumbo, por causa de uma mineradora.

“Esse lugar hoje é um lugar que foi comprado para a UFRB. Eu peço aos vereadores que se lembrem que a Câmara Municipal de Santo Amaro é pioneira na história da independência do Brasil. Que se respeitem os problemas que Santo Amaro já vem enfrentando. Muitas dificuldades por causa de questões causadas por aquela fábrica de chumbo, que ficava na parte da estrada”, disse.

“Essa aqui embaixo, junto ao Rio Subaé, é uma nova ameaça que não devemos admitir. E uma perda também para a UFRB. É uma perda inestimável. Mesmo que haja atraso, houve mudanças na política brasileira. Senhores vereadores da minha cidade de Santo Amaro da Purificação, por favor, não deixem que uma fábrica química seja implantada no perímetro urbano da cidade de Santo Amaro, na beira do Rio Subaé”, acrescentou Caetano.

Nas redes sociais da prefeitura de Santo Amaro, foi informado que uma reunião havia sido realizada entre o prefeito, Flaviano Bomfim, o vice-prefeito, Justino Oliveira, os representantes da empresa, Edison Rodrigues, Rogério Seabra e Claudinei Marques, além de vereadores e secretários municipais, no dia 22 de julho, para discutir sobre a doação do terreno.

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