Lauro de Freitas está em clima de tensão após as quatro mortes na localidade de Caji. Na última segunda-feira (14), em seis horas, seis pessoas foram beladas, tudo isso em um raio de 100 metros. A primeira morte foi a do cabo da Polícia Militar Clóvis Silva da Paixão, 47 anos.
Na terça-feira (15), a padaria onde o PM foi morto por três homens enquanto tomava café, funcionou com algumas portas abaixadas e os funcionários estavam com medo. “Aqui, ninguém fala”, afirmou um rapaz que trabalha no local.
A segunda morte foi a do adolescente Gutemberg dos Santos, 17. E além dele, a adolescente Marineide Sacramento Santos, 16, também foi atingida por um tiro e permanece internada no Hospital Menandro de Farias.
No mesmo dia, outros três homens foram atingidos em frente a padaria na qual o policial foi assassinado. Jessé Escavelo e outro homem não identificado, morreram no local. Já Jorbson Costa de Jesus, 29 anos, está internado no Hospital Menandro de Farias.
Os moradores estavam com portas e janelas fechadas na rua em que Gutemberg foi morto. “O rapaz foi morto na frente de todo mundo. Os caras que mataram usavam coletes e foram cumprimentados por policiais militares”, afirmou um rapaz que não quis se identificar. “Pareceriam amigos de infância. Com certeza eram policiais, mas ninguém fala porque tem medo de morrer”, acrescentou outro.
O major Marcelo Grun, comandante da 52ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM-Lauro de Freitas), onde o cabo Clóvis era lotado, a afirmou que o assassinato do companheiro de farda pode ter três possíveis motivos. “Ele pode ter sido reconhecido como policial, ou queriam a arma dele ou foi vítima do tráfico: há guerra entre o Jambeiro, onde ele morava, e o Caji”.
A assesoria da Polícia Militar informou que a Polícia Civil irá investigar se há envolvimento de PMs em algum dos crimes. “Não temos informação sobre isso, porque os casos ainda estão sob investigação. As coisas estão bem adiantadas”, afirmou o delegado Cláudio Meirelles, titular da 27ª Delegacia (Itinga). “Isso não procede. As pessoas ficam levantando hipóteses, mas todas essas histórias são boatos”, acrescentou.
Enquanto isso, a população segue acuada. “Só tem o que não presta aqui. Mortes. Muitas mortes”, afirmou uma senhora. Já um homem que trabalha na região disse que pretende abandonar o emprego. “Já fui assaltado várias vezes e essas mortes aumentaram o meu temor”.
Redação Bahia no Ar