Foram 1.960 dias de sofrimento. Demorou, mas valeu demais esperar. A Fonte Nova, linda, reformada e recheada de histórias, voltou para trazer o sorriso do povo baiano mais uma vez. Como foi bom ver os torcedores da dupla Ba-Vi unidos, de mãos dadas, rumo ao maior templo do futebol nordestino. Do lado de fora, antes mesmo da festa de abertura, a resenha rolou solta nos arredores do estádio. Tudo no maior clima de harmonia, como deve ser o espetáculo do mundo da bola. A redonda ainda não havia rolado e os torcedores, ansiosos, já cantavam empolgados. Mais de 40 mil corações cheios de amor pra dar.

O primeiro chute veio dos pés de um garotinho esperto. Arthur, 12 anos, portador de paralisia cerebral, encantou a todos com frases simples, mas de significados grandiosos. “Queria dizer que todos precisam respeitar as pessoas com deficiência. Ser deficiente não é ser incapaz. Também quero pedir um Ba-Vi de paz. Todos precisam se respeitar”, ensinou ele, aplaudido de pé.

Mestre de cerimônia, o ator baiano Fábio Lago recitou um cordel para, em seguida, lembrar das vítimas do acidente do dia 25 de novembro de 2007, quando sete pessoas morreram após a queda de parte da arquibancada. Anísio Marques Neto, Djalma Lima Santos, Jadson Celestino, Joselito Lima Júnior, Márcia Santos Cruz, Midian Andrade Santos e Milena Vasquez Palmeira estarão para sempre na memória de todos.

Vitória massacrou o Bahia dentro da Fonte Nova num clássico histórico; rolou até dancinha pra torcida

Depois das lembranças, artistas como Ivete Sangalo, Cláudia Leitte, Margareth Menezes, Márcia Short, Dan Miranda e Mariene de Castro trouxeram um pouquinho de molejo pra festa. Se Claudinha é Bahia e Veveta é Vitória, naquele momento, pouco importava. Elas tiraram de letra as vaias divertidas dos fanáticos torcedores e mostraram o significado do fair play. Isso sim é jogo limpo! O Olodum também brilhou ao tocar o hino nacional, acompanhado pelo ritmo das palmas. A partir dali, a festa ficou por conta dos jogadores.

Adriano poderia ser o personagem do jogo, mas deixou o feito para Renato Cajá. Maxi, Michel, Vander e Escudero entraram para história, assim como Zé Roberto, que fez o golzinho de honra tricolor. Nas arquibancadas, só um lado saiu feliz. A alegria, agora, veste vermelho e preto. Enquanto os ‘leões’ saíram pelo Dique na gargalhada, os ‘baêas’ esbravejavam na Ladeira da Fonte das Pedras. Faz parte. O bom mesmo é saber que esse foi o primeiro de muitos jogos históricos na Fonte Nova. Ela é nossa!

Margareth Menezes, Cláudia Leitte, Ivete Sangalo, Márcia Short, Mariene de Castro e Dan Miranda cantaram para o público

Fonte:Correio