Descontraído, brincalhão, humilde, homem de família e artilheiro. Maxi Biancucchi tem características que fazem dele um boa praça. Atencioso, gosta de conversar sobre tática. Tira dúvidas sobre o assunto da vez, rasga elogios ao Vitória e à Bahia. A única forma de tirar a alegria do rosto de Maxi é colocar na conversa o nome de Lionel Messi.
Artilheiro do Campeonato Brasileiro, com seis gols, Maxi conversou com o GLOBOESPORTE.COM sobre o atual momento da carreira, falou sobre a adaptação a Salvador, a relação com o Olímpia, a passagem pelo Flamengo e a importância do técnico Caio Junior para a boa fase que vive.
Um pouco antes do bate-papo, Maxi aguardava a sua participação no programa Arena Sportv. Bem humorado, o argentino fez perguntas sobre o trabalho dos comentaristas, comemorou a enquete do programa que o apontava como autor do gol mais bonito da rodada e fez elogios a jogadores rivais.
As escolhas do ‘baiano’ Maxi
Antes de aceitar o convite do Vitória, no começo da temporada, Maxi tinha convites para permanecer no Paraguai e até para o milionário futebol do Oriente Médio. No entanto, a presença de Caio Junior foi determinante para a escolha do argentino. Seis meses depois, Maxi só tem motivos para comemorar.
– Sem dúvida é o melhor momento da minha carreira. Eu tive uma proposta do Cerro Porteño. Mas eu tenho uma história no Olímpia. Então, ir para o rival, não deixaria o torcedor do Olímpia feliz. Tinha proposta do Catar, que era muito boa, mas a do Vitória eu fiquei muito feliz porque era o Caio Junior e por voltar ao Brasil. Acho que foi a melhor proposta que escolhi. A cabeça está muito boa. Minha família está bem. Estamos muito felizes. Vou ter uma filha baiana – contou Maxi, ao revelar que a mulher está grávida de uma menina que nascerá na Bahia.
Maxi aponta o entrosamento como diferencial do Vitória para este bom começo de Campeonato Brasileiro.
– Nosso maior mérito é que estamos entrosados. Jogamos juntos desde o Estadual. Também sempre conseguimos fazer os gols – disse.
O argentino admite que não esperava estar na briga pela artilharia do Campeonato Brasileiro, principalmente por conta do seu posicionamento em campo.
– Eu não esperava por conta da minha característica. Eu não sou um jogador de área. Sou mais de movimentar e dar assistências, mas é importante sempre fazer gol para que eu possa ajudar aqui – disse.
Maxi também aponta o jeito cativante dos baianos como um dos fatores que tem ajudado na sua adaptação ao futebol brasileiro.
– O pessoal aqui é maravilhoso. O baiano é muito alegre e feliz. As pessoas te cumprimentam com um sorriso. As pessoas aqui são muito legais. Tomara que eu continue dando alegrias ao torcedor do Vitória. Estou muito feliz de estar aqui. A cidade é muito boa. Eu não sou muito de sair de casa. O Campeonato Brasileiro tem muitos jogos. Então nem tem tempo para curtir a praia. Fico na piscina de casa. Ou num churrasquinho de Escudero (jogador argentino, companheiro de Vitória) – brincou.
Maxi, no entanto, fala sério quando o assunto é Caio Junior. Determinante para a sua chegada no Vitória, o treinador é apontado como um homem de confiança e fundamental na retomada da boa fase.
– Caio foi o cara que me trouxe, confiou em mim. Ele é um cara jovem, ele é parceiro dos jogadores e o grande responsável por esse momento. Estamos muito felizes com ele. O Caio tem muita responsabilidade por esse momento. Ele sempre está me colocando da melhor forma. Ele é muito importante para esse meu momento. Ele fala muito sobre a importância da tática. Não adianta pegar a bola e sair correndo loucamente. O Caio conversa muito sobre isso – elogiou o gringo.
Caio foi treinador de Maxi no Flamengo, na sua primeira experiência no futebol brasileiro. No entanto, o argentino acredita que a alta concorrência no Fla, além da falta de sequência foram determinantes na sua saída.
– No Flamengo, eu tive uma concorrência. Tinha o Renato Augusto, o Adriano, o Emerson, o Tardelli, o Marcinho. Eu era mais novo, e até comecei bem, mas não consegui me manter. Depois machuquei e os treinadores que passaram não me deram sequência. Acabei chateado e querendo sair. Recebi uma proposta boa do México. Infelizmente isso tudo faz parte. Estou mais tranquilo, e mais experiente – revelou.
A passagem pelo Cruz Azul do México foi prejudicada por problemas familiares.
– Depois que saí do Flamengo fui para lá. É um clube maravilhoso, mas minha filha nasceu com seis meses e minha cabeça não estava legal. Ela ficou dois meses no hospital. Decidi voltar para o Paraguai para ficar mais perto da família. Minha mulher é paraguaia, minha filha mexicana – disse.
No Paraguai, Maxi vestiu a camisa do sexto clube do país. Desta vez, o Olímpia. Autor do gol do título na Clausura 2011, Maxi torce para que o ex-clube agora conquiste a Libertadores contra o Atlético-MG.
– No jogo do título foi engraçado porque eu estava chateado. Não queria ir para o jogo e terminei marcando o gol do título. Tenho acompanhado muito a Libertadores. Sou torcedor do Newell's (Old Boys), mas no Twitter tenho muitos seguidores de lá e por isso torço para que o Olímpia possa ser campeão e levar essa quarta Libertadores. Mas não me arrependo de não estar lá. São etapas. Boas ou ruins. No Olímpia foi boa, mas já fechou. Estou no Vitória e curtindo muito– opinou o argentino.
A Libertadores parece ser um sonho para o argentino, mas se engana quem acha que ele pensa em sair do Vitória para alcançar esse objetivo.
– Todo mundo tem um sonho, um objetivo, eu sou um cara que passei por muitas coisas ruins, muitas coisas difíceis, mas sempre acreditando. Sempre na briga, Acredito que tem muita coisa boa para acontecer. Quem sabe um Vitória na Libertadores, fazendo história no clube. Esse grande momento que estamos vivendo no clube. Estou desfrutando muito. É um sonho, mas eu penso que pode acontecer – disse.
Boa praça durante todo o tempo, Maxi só faz cara feia para falar de um tabu, o parentesco com o primo Messi. De primeira, a resposta é ríspida, mas logo dá lugar a Maxi sem gracinhas, mas educado.
– Ninguém escolhe os parentes. Ele não faz parte da minha vida profissional. Isso enche o saco! Tem tempo que não falo com ele. Desde que cheguei ao Brasil não falei com ele. Ele é um gênio do futebol. Não adianta comparações. Eu faço apenas o meu trabalho.
Sem o assunto Messi, Maxi volta a sorrir e repete fora de campo, a alegria que tem dado aos rubro-negros. O motivo para tanta felicidade, Maxi deixa a dica.
– Não sei. De repente, já virei baiano – diz sob risos.
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