Para alcançar a glória e a imortalidade, o herói da mitologia grega Hércules foi obrigado pelos deuses a cumprir 12 trabalhos. Entre eles, matar um javali, capturar um touro e até limpar uma estrebaria.

Os usuários do sistema de ônibus de Salvador têm um pouco de Hércules. Eles cumprem diariamente uma penitência: esperam nos pontos, se espremem nos veículos e suam feito cuscuz. A diferença é que, após a aventura hercúlea, o prêmio é a sorte de chegar ao destino em segurança.

Cerca de 100 ônibus são assaltados por mês em Salvador – mais de 3 ao dia. De acordo com boletins diários divulgados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) entre janeiro deste ano e a última quinta-feira, 11 de agosto, 684 assaltos foram registrados pela polícia.

E os registros mostram que a violência tem aumentado ao longo do ano. Se em fevereiro a polícia registrou 60 assaltos em coletivos em seu boletim diário, em julho foram 124 – mais do que o dobro. Nos balanços mensais, também divulgados no site da SSP, há ainda mais roubos: 653 de janeiro a junho.

Contudo, para o titular da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos, responsável pelo Grupo Especial de Repressão a Roubos em Coletivos (Gerrc), delegado Nilton Tormes, a realidade é mais dura. “Acredito que há uma subnotificação. Algumas pessoas têm compromissos e não vêm à delegacia”, argumentou. A média dos valores roubados é de R$ 96,20. O maior roubo foi de R$ 873.