Nesta quinta-feira (6), a Organização Mundial da Saúde (OMS) lamentou o falecimento (causado por complicações respiratórias) do médico chinês Li Wenliang, de 34 anos, oftalmologista do Hospital Central de Wuhan. O profissional é apontado como um dos primeiros a identificar a existência da epidemia do novo coronavírus (2019-nCoV) na China e em seguida, alertar as autoridades sobre a doença.
Li Wenliang foi um dos oito médicos que a polícia chinesa investigou sob acusação de “espalhar boatos” relacionados ao surto da doença no país. Ele era casado e além da esposa deixa uma filha de cinco anos.
Mike Ryan, diretor executivo da OMS, destacou: “Estamos muito tristes com a morte do doutor Li Wenliang”. E acrescentou: “Precisamos celebrar o trabalho que ele fez no surto de 2019-nCoV.”
No dia 30 de dezembro, do ano passado, o médico enviou uma mensagem para colegas chamando a atenção de todos para um possível surto de doença respiratória com sintomas semelhantes aos da Síndrome Respiratória Aguda Grave, (SARs-CoV), que foi responsável pela morte de mais de 700 pessoas no início dos anos 2000.
Na mensagem , Wenliang recomendava aos companheiros de trabalho que usassem equipamentos de segurança para evitar a contaminação com o no vírus, até então desconhecido. O médico tomou a iniciativa de alertar os colegas depois de perceber que, naquele fim de ano (2019), o hospital no qual trabalhava já tinha recebido sete casos de infecção semelhantes com sintomas gravíssimos.
Após a mensagem de alerta, o médico e os demais colegas foram convocados pela polícia local e forçados à assinar uma carta na qual prometiam não divulgar informações sobre a doença.
Contaminação
O médico, possivelmente, foi infectado pelo vírus no início deste ano enquanto realizava o tratamento de uma paciente contaminada. Através das redes sociais, Li Wenliang contou que no dia 10 de janeiro começou a apresentar tosse, e no dia seguinte passou a ter febre alta; dois dias depois, foi para o hospital. Seus pais também ficaram doentes e foram internados.
O médico também relatou que os primeiros exames deram negativo para o novo coronavírus. Mas, no dia 30 de janeiro, ele fez outra publicação afirmando que um teste mais específico identificou a infecção: “Hoje, o teste de ácido nucleico voltou com um resultado positivo. A poeira baixou, finalmente fui diagnosticado”.
Ainda no fim de janeiro, o médico chegou a publicar em seu perfil, da mesma rede social, um pedido de desculpas do governo chinês, que admitia a falha na resposta à epidemia do novo coronavírus.