O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que estuda a possibilidade de estender a concessão do Auxílio Emergencial de R$ 600, destinado principalmente aos trabalhadores informais por conta da crise provocada pelo novo coronavírus (Covid-19). Na projeção de Guedes, o benefício pode ser ampliado, por um ou dois meses. No entanto, o valor passaria a ser R$ 200.

“Se voltar para R$ 200 quem sabe não dá para estender um mês ou dois? R$ 600 não dá”, pontuou o ministro durante uma reunião com empresários.

Paulo Guedes defende a redução do valor alegando as limitações das contas públicas. O ministro da Economia já havia proposto uma ajuda de R$ 200 no começo da pandemia da Covid-19 no Brasil. Entretanto, após pressões do Congresso, o governo aceitou elevar o montante para os atuais R$ 600.

“O que a sociedade prefere, um mês de R$ 600 ou três de R$ 200? É esse tipo de conta que estamos fazendo. É possível que aconteça uma extensão. Mas será que temos dinheiro para uma extensão a R$ 600? Acho que não”, garantiu Guedes.

Nas ponderações do titular da Economia, o benefício não poderia ser maior que R$ 200 porque esse é o valor pago aos beneficiários do Bolsa Família, que de forma geral, são mais vulneráveis que os trabalhadores informais, segundo ele.

“Se o Bolsa Família é R$ 200, não posso pagar mais que isso a um chofer de táxi no Sudeste”, ressaltou.

“Se falarmos que vai ter mais três meses, mais três meses, mais três meses, aí ninguém trabalha. Ninguém sai de casa e o isolamento vai ser de oito anos porque a vida está boa, está tudo tranquilo. E aí vamos morrer de fome do outro lado. É o meu pavor, a prateleira vazia”, acrescentou.

Sobre o auxílio

Inicialmente, o Auxílio Emergencial foi criado para durar somente no período de três meses, com valores  que seriam concedidos em abril, maio e junho. Porém, a prorrogação por dois meses, permaneceria até agosto.

Para ter acesso ao benefício, é necessário ser trabalhador informal, microempreendedor individuail, autônomo ou intermitente sem emprego fixo. Também é preciso ter mais de 18 anos, não estar recebendo benefícios previdenciários ou seguro-desemprego e cumprir outros critérios de renda.

Ainda de acordo com a pasta econômica, essa é a medida anticrise que mais demanda recursos do Tesouro Nacional. De início, o governo federal estimou que o programa alcançaria 54 milhões de pessoas, ao preço de R$ 98 bilhões para os cofres públicos. Presentemente, o auxílio deve chegar a 70 milhões de beneficiários, com um custo de R$ 124 bilhões.

Apesar de não estar limitado por regras fiscais neste ano, o custo das medidas vem preocupando a equipe econômica porque o endividamento público está crescendo. Com um cenário de receitas em queda em decorrência da paralisação das atividades e despesas públicas crescentes para mitigar a crise, o déficit de 2020 está previsto, até agora, em cerca de  R$ 700 bilhões. Com isso, o endividamento deve passar de 75% para 90% do PIB (Produto Interno Bruto) no fim deste ano.

Para o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, tornar o programa permanente seria “fiscalmente impossível”. Ele, inclusive, mencionou a necessidade de aumentar impostos para bancá-lo e rejeitou a ideia de transformar a medida em um programa amplo de transferência de renda para informais, além de defender que, em vez disso, haja prioridade ao Bolsa Família.

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