De acordo com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), através da parceria entre o Instituto Butantan e um laboratório chinês, serão realizados testes de uma possível vacina contra o novo coronavírus (Covid-19), em cerca de 9 mil voluntários brasileiros. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (11), durante uma coletiva de imprensa.

“O domínio dessa tecnologia é brasileiro e chinês, nesta vacina. Ela foi batizada de Coronavac. A vacina da Sinovac já foi administrada em mil pessoas nas fases 1 e 2 na china. E agora, na fase 3, que é a última, aqui em 9 mil voluntários brasileiros. O acordo de transferência de tecnologia com o Instituto Butantan permite que São Paulo participe dos principais avanços do mundo na luta contra o coronavírus”, afirmou Doria.

Caso a vacina seja bem sucedida nos testes, ela poderá ser produzida no Brasil e disponibilizada através do SUS (Sistema Único de Saúde), a partir de junho de 2021, conforme previsão do governo paulista.

“Comprovada a eficácia e a segurança da vacina, o Instituto Butantan terá o domínio da tecnologia e a vacina poderá ser produzida em larga escala no Brasil pelo próprio Butantan, para fornecimento ao SUS, de forma gratuita, até junho de 2021. Estamos falando da vacina contra o vírus que abalou o mundo, 216 países do mundo enfrentam hoje o coronavírus”, assegurou Doria.

Nas redes sociais, horas antes da coletiva, Doria publicou um vídeo no Twitter e escreveu na legenda: “Hoje é um dia histórico para a ciência no Brasil e em SP. Vamos anunciar que São Paulo vai produzir a vacina contra o coronavírus, através de parceria entre o Instituto Butantan e o laboratório internacional Sinovac Biotech.”,

Sobre a vacina

O anúncio da parceria para realização dos testes e, eventual produção de uma vacina contra a Covid-19, foi feito uma semana depois que o governo iniciou o plano de flexibilização da quarentena no estado, e tambpem no dia em que o estado ultrapassou as 10 mil vítimas pela doença.

O governo paulista disse ainda que, outros acordos com Sinovac estão sendo feitos, com o intuito de garantir o fornecimento do produto ao país, enquanto a tecnologia de produção da vacina é transferida para o Butantan.

No que diz respeito aos estudos clínicos no Brasil, eles terão início após a aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), bem como dos comitês de ética em pesquisa.

Na China, a vacina da Sinovac Biotech já foi aprovada para testes clínicos. A possível imnunização utiliza na formulação uma versão do novo coronavírus inativado, ou seja,  que não há a presença do vírus em sua forma viva na solução, o que reduz os riscos.

As vacinas inativadas, são compostas pelo vírus morto ou por partes dele. Os especialistas destacam que isso garante que ele não consiga se duplicar no sistema. Esse é o mesmo princípio usado nas vacinas contra a hepatite e a influenza (gripe). Ela implanta uma espécie de memória celular responsável por ativar a imunidade de quem é vacinado. Com isso, ao entrar em contato com o novo coronavírus ativo, o corpo já está preparado para induzir uma resposta imune.

Cientistas chineses chegaram à fase clínica de testes, os chamdos ensaios em humanos, em outras três vacinas. Uma produzida por militares em colaboração com a CanSino Biologics, e mais duas desenvolvidas pela estatal China National Biotec.

A Sinovach Biotech, empresa citada por Doria, é uma afiliada do estatal Grupo Farmacêutico Nacional da China, sediada em Pequim. O laboratório obteve autorização para começar testes em humanos em abril. E é alvo de investigação na China. Além desta iniciativa, há ao menos outras 133 candidatas a vacina contra o vírus causador da pandemia da Covid-19: dez delas já estão na fase clínica, ou seja, sendo testadas em humanos.

No entanto, ainda assim, especialistas estimam que a vacina só estará disponível em 2021.

Processo

Até chegar a uma vacina efetiva, os cientistas necessitam trilhar um vasto caminho, composto por distintas etapas, até obterem segurança nos testes e, uma consequente resposta imune.

Primeiro, existe uma fase exploratória, com pesquisa e identificação de moléculas promissoras (antígenos). No segundo momento, conhecido como ‘fase pré-clínica’, ocorre a validação da vacina em organismos vivos, usando animais (geralmente em ratos).

Em seguida, é chegada à fase clínica, o teste em humanos, que é dividido em três momentos:

Fase 1: avaliação preliminar com poucos voluntários adultos monitorados de perto;

Fase 2: testes em centenas de participantes que indicam informações sobre doses e horários que serão usados na fase 3. Pacientes são escolhidos de forma randomizada (aleatória) e são bem controlados;

Fase 3: ensaio em larga escala (com milhares de indivíduos) que precisa fornecer uma avaliação definitiva da eficácia/segurança e prever eventos adversos; só então há um registro sanitário.

Mais opções

Ademais, outra vacina também será testada no território brasileiro. Ela é desenvolvida por pesquisadores de Oxford e foi batizada de ChAdOx1: está na terceira e última fase dos ensaios clínicos. Para essa possível imunização, cerca de dois mil brasileiros serão voluntários, e o estudo está dividido entre São Paulo e Rio de Janeiro.

O sistema faz parte de um plano de desenvolvimento global. O Brasil será o primeiro país fora do Reino Unido a começar a testar a eficácia da vacina contra a Covid-19. Diferente de outros grandes centros, o Brasil ainda registra prevalência do novo coronavírus, ponto importante para garantir a eficácia dos estudos.

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