Neste sábado (19/12), o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, ressaltou que a nova mutação de coronavírus, localizada no Reino Unido, pode ser até 70% mais transmissível, conforme dados de uma análise preliminar.

No entanto, não há evidências de que a variante provoque casos mais graves ou com maior índice de óbitos, nem mesmo que seja resistente às vacinas. Porém, se for confirmada por estudos científicos, a mutação não será a primeira a trazer vantagens para a transmissão do Sars-Cov-2.

Em seu pronunciamento na presente data, Johnson assegurou que os planos para aliviar as restrições de circulação durante o Natal seriam cancelados, visando frear a disseminação do vírus.

“Dadas as primeiras evidências que temos sobre esta nova variante do vírus, e o risco potencial que ela representa, é com o coração muito apertado que devo dizer que não podemos continuar com o Natal como planejado”, comunicou Boris Johnson.


Agora, no nível 4 de restrições, os britânicos não poderão se reunir em locais fechados com pessoas que moram em casas diferentes. No caso das áreas abertas, reuniões só estarão liberadas por um dia.

Análise
Segundo o líder médico da Inglaterra, Chris Whitty: “como resultado da rápida disseminação da nova variante, dados de modelagem preliminares e taxas de incidência em rápido aumento no sudeste”, o país “agora considera que a nova cepa pode se espalhar mais rapidamente.”

Whitty ainda frisou que alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS), e que continuam a “analisar os dados disponíveis para melhorar o entendimento” da nova cepa do vírus.

No começo da semana, antes do anúncio deste sábado, representantes da OMS pontuaram que a nova variante era monitorada para saber se ela tornava o vírus “mais complicado” ou permitia que ele se propagasse mais. Até então, não havia nada que indicasse isso, de acordo com Mike Ryan, diretor de emergências da OMS.

“Temos ciência dessa variante de Covid-19 na Inglaterra. Esses tipos de mutações são comuns”. – Mike Ryan, diretor de emergências da OMS
“Essa variação já está sendo monitorada. Pesquisadores já estão fazendo o sequenciamento genético e não há nenhuma evidência de que esta variante se comporte diferente”, disse Maria van Kerkhove, líder técnica da OMS.

Mutações
Se confirmadas pelos estudos científicos, as evidências divulgadas por autoridades do Reino Unido sobre vantagens de uma mutação não serão a primeira na história da doença.

Uma pesquisa publicada em novembro deste ano, na revista científica “Science”, apontou que a variante D614G do Sars-CoV-2 se replicava cerca de 10 vezes mais rápido e era mais infecciosa (mais fácil de ser transmitida). Entretanto, a D614G não é nova.

Ester Sabino, médica e cientista da Faculdade de Medicina da USP, lembra que ela surgiu na China em fevereiro, e, aos poucos, metade dos casos passaram a ter essa mutação.

“Aqui no Brasil a epidemia já começou com essa mutação (D614G), então 95% das pessoas já têm essa mutação”, destacou a pesquisadora.

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