A Copa do Mundo começou mais cedo em Belo Horizonte. Diante de 57 mil torcedores em um Mineirão lotado, a seleção brasileira, em total clima de Mundial, encarou um dos seus mais tradicionais adversários e não deixou o fantasma do Maracanazo de 1950 tomar forma no estádio mineiro.
Em um jogo muito disputado, o Brasil venceu por 2 a 1 o Uruguai e se classificou para a decisão da Copa das Confederações, domingo, no Maracanã, às 19h, contra Espanha ou Itália, que se enfrentam nesta quinta-feira, no Castelão, na outra semifinal.
Paulinho foi o herói da classificação ao fazer o segundo gol brasileiro, de cabeça, aos 41 minutos do segundo tempo. Antes, já haviam brilhado Júlio César, ao defender um pênalti logo no início, quando a partida ainda estava 0 a 0, e Fred, que abriu o placar pouco antes do intervalo. Cavani fez o gol de um Uruguai que jogou recuado, e assustou mais pelas falhas da defesa brasileira do que por seus méritos.
Maior vencedor da Copa das Confederações, com as conquistas de 1997, 2005 e 2009, e vice em 1999, o Brasil vai para a quinta decisão, recorde no torneio, em busca do seu quarto título, o terceiro seguido. Mas, depois de vencer o torneio de preparação e cair nas duas últimas quartas de final de Copa do Mundo, a seleção saiu de campo nesta quarta-feira com um sentimento de que, dentro de casa e com apoio da torcida, a equipe terá um trunfo a mais na busca pelo hexa em 2014.
– A torcida foi fundamental, para que a gente superasse as dificuldades. Não jogamos tão bem, e a torcida foi a grande vencedora, foram eles que carregaram o time. Muito bom saber que Belo Horizonte também nos recebe de forma calorosa – afirmou o técnico Luiz Felipe Scolari após a partida.
De volta à seleção pelas mãos de Felipão, Júlio César foi eleito o melhor jogador da vitória brasileira, graças à penalidade defendida, e voltou a viver um dia de herói com a seleção.
– Brasil x Uruguai é sempre emocionante para mim. Num momento importante, ajudar a equipe novamente foi maravilhoso, fico muito feliz – declarou.
Falhas da defesa foram o melhor ataque do Uruguai
O enredo dos jogos anteriores se repetiu no Mineirão, com a torcida e os jogadores cantando o Hino Nacional a capela, após a interrupção da execução oficial. Antes de a bola rolar, um minuto de silêncio pelos dez anos da morte do camaronês Marc-Vivien Foé, ocorrida também em uma semifinal de Copa das Confederações. O clima de decisão, porém, esfriou após o apito do árbitro chileno Enrique Osses. As duas equipes erravam muitos passes, e a seleção brasileira, muito bem marcada, sequer chegava perto da área uruguaia.
Aos 12 minutos, David Luiz puxou infantilmente Diego Lugano na área brasileira, e o juiz marcou pênalti. Mas Júlio César evitou o gol defendendo a cobrança de Forlán, no canto esquerdo. Mas nem a defesa da penalidade animou o Brasil, que continuou sofrendo para armar uma boa jogada de ataque. Muito recuado, mesmo com três atacantes no time titular, o Uruguai acabou não resistindo à leve pressão brasileira.
Aos 40, Muslera conseguiu espalmar o chute de Neymar, na pequena área, mas a bola sobrou quicando para Fred pegar de primeira e fazer 1 a 0, no canto esquerdo. Na comemoração, o atacante mineiro, que marcou seu 42º gol no 48º jogo que disputou no Mineirão, mandou o recado na comemoração:'Aqui em casa quem manda sou eu'.
Mas Fred esqueceu de combinar com a defesa. Logo aos dois minutos do segundo tempo, uma trapalhada coletiva permitiu o empate uruguaio. David Luiz foi dar um chutão e acertou um adversário, Luiz Gustavo fez um recuo perigoso na área e Thiago Silva, em vez de se livrar da bola, errou um passe lateral para Marcelo e acabou dando um presente para Cavani chutar no canto direito de Júlio César.
O gol, no entanto, não animou o Uruguai, que continuou fechado na defesa. E o Brasil começou, então, a mandar na partida. Aos sete, Muslera tirou um cruzamento de soco e deu sorte ao ver o rebote de Oscar desviar na defesa e ir para fora. Logo depois, o goleiro espalmou para escanteio a falta cobrada de longe por Hulk, no último lance importante do camisa 19 na partida. Aos 18, Felipão trocou Hulk por Bernard, levando à loucura a parte atleticana da torcida no estádio.
Em um dos poucos ataques do Uruguai, Thiago Silva voltou a assustar a torcida, cabeceando para trás, rente ao travessão brasileiro. Mas quem mandava no jogo eram os donos da casa. Aos 21, Bernard cruzou para Fred bater de primeira, muito alto.
Dois minutos depois, Neymar bateu fraco, em cima de Muslera. Conforme passava o tempo, a tensão aumentava. E o Uruguai assustou de novo, em chute de Cavani que desviou em Luiz Gustavo e saiu rente à trave direita. A explosão da arquibancada só saiu aos 41 minutos: Neymar cobrou escanteio da esquerda e Paulinho subiu na segunda trave para marcar de cabeça o gol da classificação. * O Globo.