Véspera da segunda partida do Brasil em uma Copa das Confederações em casa e o assunto pouco tem a ver com futebol. Em vez de análises sobre adversários e táticas, todos querem saber o posicionamento de Luiz Felipe Scolari, Hulk e David Luiz em relação à efervescência nas ruas das cidades brasileiras e os manifestos por uma mudança no País. Neste clima que transcende as quatro linhas, a Seleção enfrenta o México, às 16h (de Brasília), em Fortaleza, em uma partida que devolve a discussão sobre a relação entre esporte e consciência política e social.

Ao longo da história, dois casos emblemáticos uniram futebol e política, mas com conotações diferentes. Durante a Ditadura Militar, a campanha da Copa de 1970 teve a demissão prévia do comunista João Saldanha do cargo de técnico, foi usada como propaganda pelo governo com a distribuição de fuscas como prêmio e fez muitos militantes torcerem contra os “90 milhões em ação” e acusarem os campeões de alienados.

Por outro lado, nas Diretas Já, jogadores encamparam o movimento e, com destaque a Sócrates e Casagrande, viraram símbolos da politização.

Entre o rótulo de alienados e o desejo de posicionamento sobre o clima do País, os atletas da Seleção Brasileira optaram em sua maioria por apoio ao manifestantes. Felipão defendeu a livre opinião , e alguns jogadores não fugiram de uma opinião forte. Como Hulk, que disse ter vontade de ir para as ruas. Já outros se esquivaram do assunto depois do jogo contra o Japão e desde então não se manifestaram.

Pelo menos no discurso, a Seleção diz não temer que a efervescência nas ruas se transfira para dentro dos estádios e vire torcida contra. Pelo contrário: os jogadores dizem ter a intenção de unir o povo com o futebol e geraram a expectativa de manifestarem algum tipo de apoio durante o jogo desta quarta.

Vale destacar que o movimento em todo o país se desvincula de partidos, mas possui inegável cunho político e social.

“A Seleção é do povo, somos o povo. Acho que estamos dando ao povo e aos torcedores aquilo que eles mais querem. Ou seja, que vá crescendo e possa empolgar, realmente representar o Brasil na área futebolística de acordo com os anseios da população”, afirmou Felipão, que entrou em atrito com a Fifa/COL durante treino realizado durante a semana para liberar a entrada de torcedores no Estádio Presidente Vargas.

Por enquanto, os protestos ocorreram em três dos quatro jogos da Copa das Confederações, tendo como mote os altos custos para a organização do Mundial em detrimento de serviços básicos à população e apoio ao Movimento Passe Livre.

Para esta quarta, uma manifestação está marcada para começar às 10h (de Brasília) em Fortaleza e propõe pela primeira vez a entrada da insatisfação ao estádio, com o canto do hino de costas. Isso sem contar as vaias recebidas pela presidente Dilma Rousseff no Estádio Nacional de Brasília. *Terra