A sessão da Câmara Municipal de Camaçari desta terça-feira (28) parecia uma espécie de ressaca da Lavagem de Arembepe. A contratação de bandas para a lavagem virou polêmica na tribuna desde antes do início da festa, e parece não ter chegado ao fim. “O tema é importante e precisa ser discutido”, gritou ao fundo um homem na plateia.

O vereador Cléber Alves (PRTB) foi quem suscitou o tema, que acabou contaminando todos os outros vereadores inscritos para fazer uso da tribuna. O parlamentar, que afirmou ter conseguido inserir três bandas locais na festa, não concordou com a manifestação de alguns artistas durante o desfile do cortejo. “O protesto dos artistas foi equivocado, os filhos de Camaçari tocaram no palco da festa”, disse.

O parlamentar destacou a importante da participação das bandas nas festas patrocinadas pelo município e disse que é preciso dar mais espaço para as manifestações culturais da cidade. Ele disse ainda que a classe artística do município precisa se organizar e criar projetos para incentivo da iniciativa pública. “Nós temos que mostrar a prefeitura que nós temos capacidade de fazer melhor do que fizemos esse ano”, destacou.

Para Cléber, a união e organização da classe vão fortalecer a cultura local e ocupar melhores espaços dentro da programação cultural do município, além de conquistar melhores cachês e mais destaque nos eventos que acontecem ao longo do ano.

O vereador Jorge Curvelo (DEM) ressaltou que a presença das bandas locais se restringe apenas às festas populares. “Os artistas de Camaçari só tem espaço nas lavagens, não que eu esteja menosprezando, mas isso fica claro”, disse. O parlamentar destacou ainda que o município gastou 1,2 milhão com a organização da festa, e deixou no ar a pergunta: “Quanto ficou para os filhos de Camaçari?”, questionou.

Elinaldo (DEM) também fez uso da tribuna e aproveitou os seus minutos de fala para relembrar a promessa do prefeito Luiz Caetano durante as eleições de 2004. “Em 2004, o prefeito Caetano disse que a cultura local teria mais espaço, mas continua a mesma coisa”, disse o vereador.

Por outro lado, o vereador Marcelino (PT) foi em defesa da bancada governista e criticou as cutucadas da oposição. “A oposição vem para a tribuna e fica sempre com o mesmo discurso de que o governo não faz nada. O DEM foi governo por 12 anos e não fez nada para Camaçari”, destacou.

Já o vereador Téo Ribeiro parece bastante otimista quanto a vitória do governo nas eleições deste ano. “A oposição está se organizando para tomar o poder das mãos do governo, mas eu tenho plena certeza que ainda vai demorar uns 20 anos para isso acontecer”, disse.

A sessão terminou com o presidente da Casa, Zé de Elísio (PP), desabafando contra os resquícios de críticas sobre o seu rompimento com o governo. “Eu não sou conduzido por chicote, nem ditadura. Chega de falar de democracia só da boca pra fora, eu tenho o direito de ser candidato a prefeito nesse município”, esclareceu.

Por Henrique da Mata