Uma candidata que fez o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2011 e entregou a prova em branco tirou notas maiores que as mínimas registradas no teste. Além disso, ao questionar o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) sobre o motivo, recebeu um documento com uma série de erros de português.
Mônica Nunes é professora de física em um cursinho de Campinas (SP) e foi fazer a prova para poder levar o caderno de questões. A docente afirma que chegou a resolver a prova da disciplina que leciona, mas não passou a resposta para o gabarito –nem da prova de física, nem de nenhuma outra. Ela somente assinou a folha de respostas e preencheu a frase de verificação. “Eu deitei e dormi. Dormi o tempo inteiro”, diz.
Mônica diz que foi checar o resultado por curiosidade e se assustou quando viu que só tinha uma nota zero –a da redação. “Imaginei que fosse encontrar um monte de zero. Um professor de matemática, que é meu namorado, preencheu matemática direitinho. Ele tinha chutado todo o resto da prova. Mesmo com os chutes, havia tido uma nota razoável”, conta.
Por causa da TRI (Teoria de Resposta ao Item), não é possível tirar nota zero nas provas objetivas, só na redação. As menores notas possíveis são exatamente as mínimas, divulgadas pelo MEC (Ministério da Educação) no final de dezembro. Ao saber disso, Mônica decidiu questionar o Inep o motivo de não ter ficado com o mínimo em três provas.
Erros de português
Ela entrou em contato com o “Fale com o Inep” no dia 2 de janeiro. A resposta continha problemas de concordância e de acentuação:
“Foi divulgado uma nota técnica no portal do inep explicando o TRI, assim como tambem foram divulgadas as notas máximas e minimas para cada matéria, sendo que ninguém ficará abaixo do minimo disponibilizado como também não ficará acima da máxima disponibilizada. Atenciosamente, MEC/INEP.”
Mônica, então, enviou outro comunicado ao Inep, refazendo o questionamento. Na resposta, o órgão explica simplesmente como funciona a TRI, sem dizer o motivo de a candidata ter conseguido notas maiores que a mínima.
Outro lado
O Inep, em nota, afirmou que “as notas mínimas divulgadas referem-se a uma prova especial. Como o candidato estava inscrito para provas regulares, as notas apresentadas mostram uma pequena variação a maior”. Ou seja: de acordo com o órgão, a prova “especial” (como, por exemplo, a aplicada a estudantes deficientes visuais) é mais difícil -apesar de ser exatamente o mesmo exame- o que reduziria as notas.
Apesar disso, em uma nota técnica em que explica como é feita a correção das provas objetivas, o órgão diz claramente que quem, por exemplo, erra todas as questões, recebe a nota mínima. "Assim, uma pessoa que erra todas as questões recebe o valor mínimo do teste, e não uma nota zero, pois não pode-se (sic) afirmar a partir do teste que ela possui zero conhecimento", diz o documento. O texto está disponível no site do instituto.
Em relação aos erros de português, o Inep disse que não se pronunciaria.