A Folha de São Paulo divulgou nesta sexta-feira (26), uma matéria relatando que o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PSL), filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL), teria empregado uma idosa de 70 anos que afirmou que nunca trabalhou para o filho do presidente.

Nadir Barbosa Goes, 70 anos, mora na cidade de Magé, região metropolitana da capital fluminense, e até janeiro figurava na lista de assessores do vereador Carlos Bolsonaro. Nadir recebia, como oficial de gabinete, uma remuneração de R$4.271 mensais.

A Folha informou que teria procurado a ex-funcionária, que não quis responder quais atividades desempenhava. Somente afirmou que nunca trabalhou para o filho do presidente. Ao final da ligação, disse: “Fala com o vereador que eu não sei de nada”.

No início do ano, assim que o pai assumiu o Palácio do Planalto, Carlos fez uma limpeza em seu gabinete na Câmara. De janeiro a fevereiro, exonerou nove funcionários. Nadir está entre eles. Ela é irmã do militar Edir Barbosa Goes, 71, assessor atual de Carlos Bolsonaro. A esposa dele, Neula de Carvalho Goes, 66, também foi exonerada pelo vereador logo após a posse do pai de Carlos na Presidência da República.

As contas de luz de Nadir indicam que ela morava na cidade ao mesmo tempo em que esteve lotada no gabinete de Carlos na Câmara do Rio. Em Magé, uma sobrinha afirmou que Nadir mora há cerca de dez anos no local e que não costuma ir à capital.

À reportagem o chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro, Jorge Luiz Fernandes, negou que Nadir recebesse salário sem prestar serviços. Ele disse que Nadir, Neula e outras duas funcionárias exoneradas por Carlos trabalhavam em um núcleo chefiado por Edir, o militar irmão de Nadir.

Segundo o chefe de gabinete, esses funcionários entregavam mala direta para a base eleitoral do vereador em Campo Grande, na zona oeste do Rio, e anotavam as reivindicações dos eleitores, principalmente de militares, e agora eles tem usado mais as redes sociais.

A reportagem foi até a residência de Edir e Neula, no extremo oeste do Rio. Lá, encontrou Edir, atual assessor de Carlos, usando short e camisa da seleção do Brasil por volta das 13h de uma segunda-feira. Irritado, o funcionário da Câmara se negou a responder às perguntas e disse que caberia ao gabinete prestar esclarecimentos.

“Eu não sou obrigado a trabalhar todos os dias lá. Não tem espaço físico”, afirmou. A reportagem quis saber qual função o militar desempenha. “Não importa”, respondeu.
Como assessor, Edir recebe salário de R$ 7.386. Até ser exonerada, no início do ano, a mulher dele recebia R$ 3.461. Ambos moram em casa de classe média baixa no afastado bairro de Santa Cruz.

Desde o ano passado, suspeitas de irregularidades na contratação de assessores recaem sobre Bolsonaro e seus filhos políticos. Em dezembro, a Folha revelou que, quando deputado federal, o presidente empregou em seu gabinete a personal trainer Nathalia Queiroz, que atuava em academias do Rio de Janeiro.

Resposta

O chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro, Jorge Luiz Fernandes, respondeu a folha de São Paulo, dizendo que Edir é um militar da reserva e tem acesso às bases em Campo Grande. “Se chegar nos quartéis, todo mundo conhece.”

Jorge disse que há mais de 30 condomínios militares em Campo Grande e que a entrega das correspondências era realizada, também, em outros bairros da zona oeste, como Santa Cruz e Realengo.

Ele afirmou que comissionados não são obrigados a trabalhar no espaço físico da Câmara e que podem prestar serviços externos. Disse que Carlos emprega um funcionário que mora em Petrópolis, a cerca de 70 km do Rio, e que vai à Câmara todos os dias.

Segundo o chefe de gabinete, parte dos assessores de Carlos foi exonerada para dar lugar a funcionários que trabalhavam para Jair Bolsonaro no Rio, durante seu mandato de deputado federal. “O presidente achava que poderia montar um gabinete no Rio, mas não é bem assim. Não pode ter o cara que entrega carta na rua trabalhando no gabinete da Presidência. É outro nível.”

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