Cerca de 500 de pessoas protestam na tarde deste domingo (10) no Farol da Barra contra a indicação do deputado e pastor Marco Feliciano a presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Deputados.

Os protestos em Salvador e outras 14 cidades foram marcados usando as redes sociais, especialmente o Facebook. No local, um megafone está aberto para quem quiser falar. Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia (GGB), está presente – uma bandeira do movimento foi aberta. A vice-prefeita Célia Sacramento (PV) também esteve presente.

"Eu estou aqui porque eu acho ridículo como os direitos humanos estão sendo negociados no Brasil. Esse é um movimento importante. Estamos contra uma pessoa que não tem competência, não entende as minorias. Me revolto com isso", diz o publicitário Erico Araújo, 24 anos, um dos manifestantes. "Tem umas 700 pessoas aqui", estima.

Outra manifestante, Janete Catarina, usou o megafone para protestar. "Queremos respeito à diversidade do nosso país, com as políticas públicas e com as minorias. Vamos à luta!". De lá, o grupo fez uma caminhada até o Cristo, ainda na Barra, contra a indicação de Feliciano para o cargo.

Grupo se reúne no Farol da Barra para protestar contra o pastor e deputado

Segundo o tenente Libório, da 11ª Companhia Independente de Polícia Militar (Barra), cerca de 500 pessoas estão no protesto desde as 16h. "Estão aqui com cartazes de cartolina, mas tudo de maneira pacífica", explica o tenente.

Neste sábado (9) foi enviado ao presidente da Câmara, deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) um requerimento pedindo a anulação das eleições que levaram o pastor Marco Feliciano (PSC-SP) à presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, realizadas dia 7 de março. A iniciativa partiu da ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais) e suas 286 entidades filiadas.

Estelionato, racismo e homofobia

O deputado Marco Feliciano foi eleito presidente da Comissão na manhã da quinta (7). Em protesto contra a nomeação do deputado, representantes de PT, PSOL e PSB deixaram a reunião antes da votação ser convocada.

Grupo seguiu em caminhada até o Cristo após protesto

Em 2011, Feliciano declarou que os “africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé”. Depois, disse que foi mal compreendido: “Minha família tem matriz africana, não sou racista”. O pastor diz que não é homofóbico, mas afirma ser contra o ato sexual entre pessoas do mesmo sexo.

Feliciano ainda é acusado de estelionato por ter recebido R$ 13,3 mil para realizar dois cultos religiosos no Rio Grande do Sul, mas não compareceu aos eventos. A produtora do evento alega ter tido um prejuízo de R$ 100 mil, segundo o jornal Folha de S. Paulo. Os dois processos, por discriminação e estelionato, correm no Supremo Tribunal Federal (STF).