Após a desoneração dos impostos federais PIS/Cofins em oito produtos da cesta básica e da cesta de higiene, os empresários supermercadistas baianos anunciaram que ainda esta semana os consumidores começarão a sentir a diminuição dos impostos no preço final do produto.

A expectativa é do consultor da Associação Baiana dos Supermercados (Abase-BA), Rogério Machado, que acredita que as carnes serão os primeiros dos oito itens desonerados a ter a redução de preço sentida pelos consumidores.

A razão é que as carnes, de forma geral, são os alimentos mais perecíveis, por isso os estoques devem ser repostos mais rapidamente e os novos preços praticados.

Machado também confirma que os índices de redução de preço são praticamente os mesmos para todo o país. Anteontem, o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Fernando Yamada, disse que o repasse imediato da redução de tributos sobre a cesta básica vai variar de 3% a 6%. Para os produtos mais caros, como carne, a redução vai ser de 6%.

O mesmo vale para três itens de higiene. Os outros itens terão uma redução média de 3%. O CORREIO esteve em três grandes redes de supermercados da cidade e calculou quanto os produtos podem ficar mais baratos (confira na página ao lado).

Além da carne, também foram desonerados óleo, café, manteiga, açúcar, papel higiênico, pasta de dente e o sabonete. A medida foi anunciada pela presidente Dilma Rousseff, em pronunciamento nacional, na última sexta. Por conta da desoneração da cesta básica, o governo deixará de arrecadar R$ 5,5 bilhões este ano e R$ 7,4 bilhões em 2014.

Considerando o preço médio dos oito itens, a redução de uma cesta com uma unidade de cada produto teria um descréscimo de R$ 64 para

R$ 60,88, ou seja, de R$ 3,12. Aparentemente, pode parecer uma redução pequena. O quilo da alcatra, que hoje custa R$ 18,32, cairia para R$ 17,23, com a redução de 6%.

Porém, o economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) André Braz lembra que são as pessoas que têm uma renda baixa (de até 2,5 salários mínimos) que perceberão o impacto da desoneração com mais facilidade.

Segundo o último levantamento do Dieese, o preço da cesta básica em Salvador foi de R$ 270,04. A cesta é composta de 13 itens, sendo que os outros produtos já não eram tributados com PIS/Cofins.

Repasse

Braz também lembra que a presidente Dilma Rousseff pediu para os empresários repassarem integralmente a desoneração dos impostos para os consumidores. “Mas nada impede que eles incorporem essa redução à margem de lucro deles”, sinaliza.

Para isso não acontecer, Machado diz que os supermercadistas serão os fiscais das indútrias, e os consumidores os fiscais das duas pontas. Hoje, o PIS/Confins é recolhido na indústria e, para que haja uma redução de preço, a mesma já deve repassar o produto com o desconto.

Ao anunciar a medida na última sexta, Dilma informou que contava com os empresários para que houvesse uma redução de “pelo menos” 9,25% no preço das carnes, do café, da manteiga, do óleo de cozinha, e de 12,5% na pasta de dente, nos sabonetes.

Porém, o membro do Conselho Federal de Economia Paulo Dantas da Costa explica que cada um desses itens tem uma carga de tributação diferenciada.

Com isso, mesmo que a presidente faça uma redução de 9,25% ou 12,5% no PIS/Cofins, isso não significa que o produto terá que reduzir o percentual completo relativo ao imposto.

“É uma medida das mais louváveis. Pena que chega com atraso”, diz Costa. O economista concorda que as classes mais baixas é que sentirão mais a redução tributária. A medida ainda ajudará na queda da inflação. Os especialistas acreditam em uma redução de 0,4 ponto percentual.

Consumidores

A profissional da saúde Edmeia Soares Gomes, 44, vê a futura diminuição do preço dos produtos da cesta básica com desconfiança. “Todo dia muda. Sempre tem uma diferença e é sempre pra cima”, diz. Ela tem evitado comprar carne, por conta do valor. “Às vezes, a gente muda pra peixe ou frango”.

A mesma estratégia foi usada pela doméstica Bernadete Jesus Ferreira, 46. “Quando a carne está muito cara, compro até ovo”, conta ela, que ficou esperançosa com o anúncio da presidente. “ Quero sentir a diferença no caixa”.

Dentre os atendentes de supermercado ouvidos pelo CORREIO, a maioria diz que a diferença no bolso dos clientes ainda demora a acontecer, devido aos produtos estocados nas lojas terem sido comprados sem a desoneração.

A designer de moda Rebeca Matos, 26, já achou a alcatra mais barata, mas torce para o preço cair mais. “Acho que só vamos começar a sentir daqui a algum tempo. Enquanto isso, estou trocando algumas marcas ou produtos”, dá a dica. Colaborou Renato Alban. Fonte: Correio