A construção de um estacionamento em uma lagoa de Jauá está causando preocupação para os moradores que zelam pelo meio-ambiente. Não à toa, a cientista ambiental Geracina Aguiar usou a tribuna cidadã durante a sessão da Câmara Municipal de Vereadores de Camaçari, na manhã desta terça-feira (17), para expor a sua indignação quanto a obra que está sendo realizada no local.
Doutoura em Desenvolvimento Sustentável e Biodiversidade pela Universidade de Montpelier, na França, Geracina considera que o município está na contramão da legislação ambiental. O perigo maior, segundo a ambientalista, é que a construção afeta diretamente a vida da população. “É dentro do perímetro da lagoa é uma coisa absurda, porque o mundo inteiro está retirando os estacionamentos e está colocando nas áreas degradáveis e periferias e aqui em Camaçari estão colocando o estacionamento em cima da lagoa”, disse.
Para a ambientalista, o lugar é o único espaço de lazer para população. “É o único lugar de prazer, entretenimento e prazer da população, ligado a história da população”. Segundo Geracina, uma parte da lagoa já foi soterrada. “Foi soterrada três metros. Duas nascentes já foram soterradas”, conta.
A construção coloca em risco a vida da fauna e a flora da localidade. “Ali é local de reprodução de vida silvestre, não é um lugar qualquer. Uma lagoa é a metáfora da vida, da beleza, do encantamento, da estabilização do clima”, frisa.
A matéria prima usada para soterrar a lagoa, segundo a ambientalista, elimina completamente o papel de filtro solar que garante o clima mais agradável de Jauá. “O que estão colocando lá é uma argila, que é um barro que impede exatamente a penetração dos raios solares. Vai tornar mais quente a lagoa e o meio-ambiente vai ficar ameaçado”, explica.
No próximo dia 3 de junho, um grupo morador de Jauá vai até a União dos Municípios da Bahia (UPB) para reivindicar o cancelamento das obras e rever a possibilidade da construção do estacionamento ser feita em outro lugar do distrito.
Por Henrique da Mata